ATA DA VIGÉSIMA QUINTA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 25.03.1992.
Aos vinte e cinco dias do mês de março do ano de mil
novecentos e noventa e dois reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio
Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Vigésima Quinta Sessão
Ordinária da Quarta Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às
quatorze horas e quinze minutos foi realizada a segunda chamada, sendo
respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa, Airto Ferronato, Antonio
Hohlfeldt, Clóvis Brum, Clóvis Ilgenfritz, Cyro Martini, Décio Schauren,
Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Ervino Besson, Jaques Machado,
Gert Schinke, Isaac Ainhorn, João Dib, João Motta, José Valdir, Lauro Hagemann,
Leão de Medeiros, Luiz Braz, Luiz Machado, Nelson Castan, Nereu D’Ávila, Omar
Ferri, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson Santos, Wilton Araújo e
Heriberto Back. Constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente
declarou abertos os trabalhos. A seguir, foram aprovadas as Atas da Vigésima
Terceira e da Vigésima Quarta Sessões Ordinárias. Do EXPEDIENTE constaram os
Ofícios nºs 128, 132, 133, 134, 135, 136 e 137/91, do Senhor Prefeito
Municipal. A seguir, o Senhor Presidente registrou a presença, na Mesa dos
trabalhos, dos Senhores Edson Silva e Adalberto Freason, respectivamente,
Presidente e Secretário da Executiva Estadual do PC do B, e registrou a
presença, no Plenário, do Senhor Raul Carrion, da Executiva Estadual do PC do
B. Após, saudou os integrantes do PC do B pelo transcurso do aniversário de
fundação desse Partido e, nos termos do artigo 100 da Lei Orgânica Municipal,
Tribuna Popular, concedeu a palavra ao Senhor Edson Silva, que discorreu sobre
os setenta anos de existência do PC do B ressaltando a luta sempre empreendida
pelos integrantes de seu Partido e por toda a sociedade brasileira na busca de
uma Nação mais justa e soberana. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Nereu
D’Ávila saudou o PC do B pelo transcurso de seu aniversário, falando acerca do
quadro político e econômico hoje observado no mundo. Após, leu notícia
divulgada na imprensa, segundo a qual a 1ª Câmara Cível da Justiça considera
nula a cobrança do Imposto Predial e Territorial Urbano em Porto Alegre. Em
continuidade, o Senhor Presidente registrou a presença, no Plenário, da Senhora
Judite Dutra, Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente, convidando Sua Senhoria a integrar a Mesa dos trabalhos. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Wilson Santos saudou o PC do B pela passagem
de seu aniversário de fundação. Discorreu acerca do Imposto Predial e
Territorial Urbano de Porto Alegre, falando de decisão judicial que considera
nulos os valores cobrados pelo mesmo e ressaltando a participação do Partido
Liberal na discussão desse assunto. Ainda, questionou posicionamentos assumidos
pelo Partido Democrático Trabalhista a respeito dessa questão. A seguir,
constatada a existência de “quorum”, foram aprovados Requerimentos do Vereador
José Alvarenga, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares no
dia de hoje, e do Vereador Artur Zanella, solicitando Licença para Tratamento
de Saúde no período de vinte e cinco a vinte e nove do corrente. Em
prosseguimento, o Senhor Presidente declarou empossados na Vereança os
Suplentes Antonio Losada, em substituição ao Vereador José Alvarenga, e Martim
Aranha Filho, em substituição ao Vereador Artur Zanella e, informando que Suas
Excelências já prestaram compromisso regimental nesta Legislatura, ficando dispensadas
de fazê-lo, comunicou-lhes que passariam a integrar, respectivamente, as
Comissões de Economia e Defesa do Consumidor e de Urbanização, Transportes e
Habitação. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Luiz Braz saudou a presença, na
Casa, de integrantes do PC do B, e da Senhora Judite Dutra. Discorreu sobre
decisão judicial de nulidade dos valores relativos ao Imposto Predial e
Territorial Urbano de Porto Alegre, analisando os reflexos dessa situação junto
à administração municipal e a posição tomada pela Casa quanto ao assunto. O
Vereador Antonio Hohlfeldt, em nome do seu Partido e do PMDB, homenageou o PC
do B pelo transcurso do aniversário de fundação desse Partido, ressaltando a
situação política hoje observada no mundo e reafirmando sua crença nos
princípios básicos do socialismo. Também, falou sobre a cobrança, em Porto
Alegre, do Imposto Predial e Territorial Urbano. O Vereador Gert Schinke saudou
o PC do B, falando do papel deste Partido na luta das esquerdas e lembrando o
nome da Deputada Jussara Cony, ex-Vereadora desta Casa. Ainda, discorreu sobre
as eleições que estão ocorrendo na Albânia e sobre o crescimento do Partido
Verde observado na Europa e em todo o mundo. E o Vereador Vicente Dutra teceu
comentários acerca da votação, na Casa, do Imposto Predial e Territorial
Urbano, analisando a ligação da mesma com acordo firmado em mil novecentos e
noventa para a Presidência da Casa. Finalizando, falou sobre decisão da 1ª
Câmara Civel, de nulidade dos valores relativos ao Imposto Predial e Territorial
Urbano da Cidade. Às quinze horas e dezessete minutos, os trabalhos foram
suspensos, nos termos do artigo 84, II do Regimento Interno, sendo reabertos os
mesmos, constatada a existência de “quorum”, às quinze horas e dezenove
minutos. Após, foi aprovado Requerimento verbal do Vereador Antonio Hohlfeldt,
solicitando a alteração da ordem dos trabalhos e alteração na ordem de votação
da matéria constante da Ordem do Dia. Em PAUTA, Discussão Preliminar,
estiveram, em lª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 08 e 26/92 e
217 e 274/91, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 06/92 e o
Substitutivo nº 01 aposto ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº
54/91; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 201 e 276/91, 01, 17,
25 e 30/92, os Projetos de Resolução nºs 66 e 67/91, o Projeto de Lei
Complementar do Legislativo nº 59/91 e o Projeto de Lei Complementar do
Executivo nº 01/92. A seguir, constatada a existência de “quorum”, foi iniciada
a ORDEM DO DIA. Em Votação, esteve o Parecer da Comissão Especial constituída
para apurar as questões que envolvem o processo de escolha dos membros dos
Conselhos Tutelares (Processo nº 613/92), o qual teve adiada sua votação por
duas Sessões a Requerimento, aprovado, do Vereador Isaac Ainhorn. Na ocasião, o
Senhor Presidente respondeu Questões de Ordem dos Vereadores Isaac Ainhorn,
Omar Ferri e Luiz Braz, acerca do encaminhamento a ser dado ao Parecer acima
referido, e deferiu Requerimento verbal do Vereador Isaac Ainhorn, solicitando
a ouvida da Comissão de Justiça e Redação quanto à possibilidade de discussão
desse Parecer. Na ocasião, foi apregoado o Ofício nº 28/92, do Conselho
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, e o Vereador Gert Schinke
solicitou a distribuição de cópia deste Ofício a todos os Senhores Vereadores.
Às quinze horas e trinta e nove minutos, foram suspensos os trabalhos, nos
termos do artigo 84, II do Regimento Interno, sendo reabertos, constatada a
existência de “quorum”, às quinze horas e quarenta e seis minutos. Em
prosseguimento, o Senhor Presidente respondeu Questões de Ordem dos Vereadores
Antonio Hohlfeldt, Luiz Machado, Airto Ferronato, João Dib e Lauro Hagemann,
acerca do processo de discussão e votação do Projeto de Resolução nº 37/91. A seguir,
foram apregoadas as Emendas de nºs 97 a 110, de autoria do Vereador Lauro
Hagemann; de nº 111 a 113, de autoria do Vereador João Dib; de nº 114, de autoria do Vereador Adroaldo
Correa; de nº 115, de autoria do Vereador Gert Schinke; e de nº 116, de autoria
do Vereador José Valdir, todas ao Projeto de Resolução nº 37/91. Em Discussão
Geral, 1ª Sessão, esteve o Projeto de Resolução nº 37/91, após ter sido
discutido pelos Vereadores Nereu D’Ávila, Antonio Hohlfeldt, Airto Ferronato,
Lauro Hagemann, Luiz Machado, João Dib e Adroaldo Correa, tendo sido encerrada
a discussão da 1ª Sessão. A seguir, o Senhor Presidente respondeu Questão de
Ordem do Vereador Omar Ferri acerca da discussão do Projeto acima mencionado.
Às dezesseis horas e cinqüenta e três minutos, constatada a inexistência de
“quorum”, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos convocando os
Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os
trabalhos foram presididos pelos Vereadores Dilamar Machado, Leão de Medeiros,
Omar Ferri e Airto Ferronato e secretariados pelos Vereadores Nereu D’Ávila,
Secretário “ad hoc”, Wilson Santos e Leão de Medeiros. Do que eu, Leão de
Medeiros, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após
distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e por
mim.
O SR. PRESIDENTE (Dilamar Machado):
Entramos no período destinado à Tribuna Popular, nos termos do art. 100 da Lei
Orgânica Municipal, nós contamos já, na Mesa, com o representante do PC do B,
Edson Silva, Presidente da Executiva Estadual do PC do B, e do Sr. Adalberto
Freason, Secretário da Executiva Estadual. Ainda contamos com a presença do Sr.
Raul Carrion, da Executiva Estadual.
Antes de passar a palavra ao Sr. Edson Silva, gostaria de
explicar, inclusive, que esta Presidência encaminhou à Mesa proposta para que
no dia de hoje, 25 de março, o período do Grande Expediente ficasse destinado
ao 70º aniversário do PC do B.
Na realidade, não chegamos a votar o Requerimento, face ao
acúmulo de votações de vetos e matérias oriundas do Executivo, e da Casa. Por
conseqüência, atendemos pedido da Executiva Regional do PC do B que utilizará,
em seguida, os 10 minutos regimentais, através do seu Presidente da Executiva
Regional, companheiro Edson Silva.
Passamos, portanto, à
Gostaria, particularmente, antes de conceder a palavra ao companheiro Edson Silva, de apresentar a minha saudação, como cidadão, como político, como integrante do PDT, aos companheiros do PC do B, e registrar também a minha homenagem pessoal à luta que vem sendo desenvolvida neste País, desde a fundação do PC do B, fundamentalmente voltado aos interesses dos trabalhadores, os menos aquinhoados da sociedade brasileira, contra a exploração das multinacionais, do capitalismo internacional e em defesa da soberania brasileira.
Com a palavra, o companheiro Edson Silva.
O SR. EDSON SILVA: Sr. Dilamar Machado,
Presidente desta Câmara de Vereadores de Porto Alegre, Srs. Vereadores. Antes
de mais nada, quero agradecer, em nome da direção do meu Partido, Partido
Comunista do Brasil, pela lembrança que teve V. Exª, Sr. Presidente, de
requerer a esta Casa o Grande Expediente para que fosse prestada a homenagem,
mas também agradecer aos Vereadores que integram esta Casa pela audiência. E de
ter, também, a oportunidade de poder transmitir aos Srs. Vereadores, e através
dos Senhores ao povo de Porto Alegre, as nossas lembranças e a nossa mensagem
nesta data em que o PC do B, Partido Comunista do Brasil, festeja os seus 70
anos de existência.
Esse período se confunde, nesses setenta anos, Srs.
Vereadores, Senhores e Senhoras, com um período vivo da história política de
nosso País, e nele vamos encontrar invariavelmente a presença do PC do B, dos
grandes significativos acontecimentos políticos verificados nesse período. Não
estão longe da nossa memória, por exemplo, os acontecimentos que movimentaram a
vontade brasileira na década de 50, quando nosso povo, os democratas, os
patriotas, se ergueram pelo Brasil afora, para através de sua pressão, exigir
fosse instaurado o monopólio da Petrobrás, o monopólio do petróleo brasileiro,
e a criação da Petrobrás, fato em si ocorrido com a Lei 2004. Lá estava o PC do
B, assim como eu poderia citar uma série de acontecimentos da história desse
período de setenta anos do PC do B, em que procuramos dar a nossa contribuição,
sempre com firmeza, sempre decididos a lutar por objetivos que até hoje o povo
brasileiro não alcançou, como salários justos, a distribuição da renda, a
reforma agrária, a luta em defesa da soberania nacional, isto é a luta em
defesa do Brasil. Essa é a trajetória do PC do B. Particularmente, pontilha,
destacadamente neste período de setenta anos, a determinação do PC do B de
lutar pela liberdade e pela democracia.
Tal é, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a identidade do PC
do B por esta causa, que sempre que a democracia foi golpeada no Brasil, o PC
do B também foi golpeado, de tal sorte que no período de setenta anos de
existência, apenas por poucos anos pôde o PC do B atuar na legalidade, o que
expressa bem, sem sombra de dúvidas, a natureza reacionária, conservadora,
atrasada das nossas elites que por largos períodos da história do Brasil se
mantiveram no poder através da força, do arbítrio, através dos golpes
assentados na democracia, na liberdade. Pois, neste período de setenta anos
sempre que isso aconteceu os primeiros a serem golpeados foram os militantes,
os dirigentes, o PC do B, enquanto organização política, tal a identidade que
há entre o PC do B e a luta pela democracia, liberdade no Brasil.
Uma trajetória tão longa, vivida com tantas dificuldades nos
deixou de legado centenas de brasileiros que militaram em nossa organização
política e que foram mortos, torturados, banidos, enfim afastados, brutalmente,
pela violência do convívio da sociedade, da luta política, do convívio dos seus
familiares, enfim da luta pelos seus ideais, que são os ideais do PC do B, da
luta pela liberdade, pelos direitos do povo trabalhador brasileiro.
Estes setenta anos o PC do B comemora sob o lema de que o
tempo não pára e o socialismo vive. Poderia parecer para alguns uma ironia ou
quem sabe uma cegueira do PC do B - porque em momentos em que o socialismo, em
que a causa da justiça social são tão golpeados no Brasil e internacionalmente
a partir dos trágicos acontecimentos na União Soviética -, que o PC do B tenha
como lema, nos seus setenta anos, a frase "O Socialismo vive". E
fazemos isso não por nenhuma obstinação, não por nenhuma atitude quem sabe
sectária, não por nenhuma atitude que pretende ignorar os fatos. Afirmamos que
o socialismo vive, nos setenta anos do PC do B, tal a nossa convicção de ser
esse o sistema social mais avançado que a humanidade conheceu e, logo, o
sistema social único capaz de dar as reais soluções para os angustiantes
problemas que as elites reacionárias brasileiras causaram para o nosso
inteligente e querido povo brasileiro. É verdade que o socialismo foi
derrotado, mas isso não nos impede de que distingamos, na experiência do
socialismo inaugurado em 1917 os grandes êxitos que o socialismo conseguiu
assegurar ao povo soviético. É bom lembrar que em pouco mais de setenta anos, a
Rússia, a antiga Rússia, atrasada, ignorante, se transformou, em poucas
décadas, na segunda maior potência econômica; que a União Soviética, nesse
período de construção do socialismo, conseguiu ser o primeiro país do mundo a
pôr o satélite artificial em órbita; é bom lembrar que a União Soviética do
socialismo foi a primeira potência, o primeiro país no mundo a inaugurar reator
nuclear; é bom lembrar que foi a União Soviética que nesse período de setenta
anos conseguiu eliminar problemas sociais como a fome, o desemprego, a
ignorância, a falta de perspectiva. E deu ao seu povo uma sociedade de
bem-estar.
Portanto, Srs. Vereadores, senhores e senhoras, quando
reafirmamos o nosso ideário socialista nestes setenta anos, o fazemos convictos
da superioridade do sistema social da mesma forma que o fazemos reconhecendo
que esta experiência teve seus erros, que esta experiência teve suas insuficiências
e que esta experiência precisa ser analisada, estudada, aperfeiçoada, para que
numa próxima oportunidade que pensamos não esteja longe, possamos fazer o
socialismo definitivamente vitorioso.
Por isso temos a coragem nesses setenta anos de afirmar a defesa
do socialismo, temos a coragem de manter nossos símbolos, nossa cor, nosso
ideário, porque é na honestidade da relação política com o povo que o povo
precisa conhecer as suas alternativas políticas.
Apresentamos nesses setenta anos a saudação do PC do B a
nossa convicção de que com o socialismo orientado não apenas pelo PC do B, mas
por forças progressistas avançadas da sociedade brasileira, que compreendem a
necessidade de passarmos para uma ordem social superior, porque não é mais
possível a um país como o nosso conviver com elites que têm como representantes
maiores personalidades que nos humilhem, nos envergonhem no dia de hoje, como o
Sr. Collor de Mello. Que em dois anos conseguiu levar o nosso povo não apenas a
ser um povo dos descamisados, mas um povo sem esperança, sem perspectiva,
desanimado, desmotivado.
Por isso, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o PC do B festeja
esta sua data convicto que mais dia, menos dia as forças políticas mais
avançadas do nosso País saberão compreender o caminho da unidade, a necessidade
de promover a unidade do povo brasileiro, e a partir daí termos a competência
necessária para instaurarmos uma ordem social superior, instaurarmos o
socialismo e aí sim passarmos a construir a felicidade desejada, ansiada pelo
povo brasileiro. Agradeço enfim a oportunidade de poder manifestar nesta Casa
que tantas e tantas vezes recebeu democraticamente nossa organização política
como tantas outras correntes de pensamento da sociedade porto-alegrense, nesse
dia em que o PC do B comemora os seus setenta anos. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem):
Sr. Presidente, apenas, quebrando talvez o protocolo do uso da Tribuna Popular,
eu queria apenas referir a duas pessoas, dois militantes do Partido Comunista
do Brasil e registrar desta Casa a lembrança dessas figuras extraordinárias que
foram trucidadas na Guerrilha do Araguaya, são os companheiros José Bronk,
figura extraordinária do Bom Fim, líder operário e trabalhador das indústrias
Miccheletto e de João Hass Sobrinho, jovem estudante de Medicina que para lá
foram e morreram trucidados. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa agradece a
lembrança de V. Exª, defere e fica registrado nos Anais as referências a esses
companheiros desaparecidos.
Com a palavra, o Líder do PDT, Ver. Nereu D'Ávila.
O SR. NEREU D'ÁVILA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, ilustres companheiros do Partido Comunista do Brasil, efetivamente
a Bancada do PDT, por meu intermédio, tem a honra de agregar-se à justeza das
comemorações das sete décadas de lutas pelas liberdades públicas e pelos
direitos humanos. Nós do PDT nos rejubilamos por termos nos aliançado com tão
ilustre plêiade de companheiros que honraram a nossa configuração política na
eleição passada, mas não somente isso, companheiros que tenham o passado muito
ilustrativo do que é uma luta continuada em prol das liberdades públicas. E,
justo agora, quando se quer embaralhar a história, quando se quer confundir a
população com questões outras de processo eleitoral do mundo todo com uma
má-fé, querendo invalidar todo um passado de lutas.
Então, que fique claro que são duas coisas absolutamente
distintas, umas são questões novas a serem estudadas em relação ao burocratismo
a uma série de erros humanos, e outra é a luta de meia parte da humanidade em
prol das suas liberdades, configurada, inclusive, no Brasil em setenta anos de
luta do Partido Comunista do Brasil.
Perdoem-me, também, os senhores, que - como nós só temos um
tempo de Liderança durante a tarde - eu divida este tempo para aproveitar um
outro tema após esta saudação que faço em nome da Bancada, os 14 Vereadores do
PDT. Que eu me refira também a uma notícia que hoje pode mudar a vida dos
porto-alegrenses, a que se refere que a Justiça altera a cobrança do IPTU, inclusive
a importância da matéria que diz que a Justiça considera nulo o IPTU de 1991.
A 1ª Câmara Cível do Tribunal de Alçada reconheceu como nula
a cobrança do IPTU de 1991 ao julgar ontem recurso da Prefeitura contra decisão
anterior do Juiz Irani Mariani da 3ª Vara da Fazenda Pública. Olhem o que diz o
término da sentença: "A 1ª Câmara Cível decretou a nulidade das cobranças
feitas dando a seguinte sentença: Constata-se a ilegalidade do lançamento do
IPTU de 91, não estando o contribuinte obrigado por falta de ato administrativo
a pagar sequer o índice inflacionário”. E diz mais: A principal argumentação do
Juiz da 1ª Câmara Cível, e, que também serviu de base para outra ação relativa
ao exercício de 90 impetrada pelo contribuinte André da Silva, é a de que o
IPTU só pode ter o seu valor definido pela Câmara, através de Lei, e não o
Executivo, é que pode definir os valores. E isso não aconteceu, diz Clóvis do
Couto e Silva, e ele está convicto, porque a Drª Eulália Guimarães acorreu às
rádios, e deu na Rádio Gaúcha e na Rádio Guaíba, logo à tarde,
que isso não faz jurisprudência, querendo ressalvar a Prefeitura.
É claro, o ofício da Drª Eulália é esse. Mas o que ela não
disse, e o que deve ser dito é que todos aqueles que buscarem a Justiça
dificilmente encontrarão outra decisão que não essa. Pode até ocorrer recurso
disto aqui, é lógico, ao Pleno do Tribunal, mas aí o Dr. Couto e Silva diz que
embora seja diferente a decisão de Pelotas, que através do Pleno do Tribunal de
Justiça, invalidou o IPTU do ano passado para Pelotas, não há dúvida de que o
argumento fulcral, primordial, de que há necessidade de Lei desta Câmara e não
de Decreto do Executivo para a Planta de Valores.
Por isso, a partir de hoje, cremos que serão devolvidas as
quantias pagas a mais à Prefeitura de Porto Alegre. Creio que aguardemos a
decisão de São Paulo, onde a Prefeita Erundina perdeu em todas as instâncias
paulistas, e está para ser decidido hoje ou amanhã, pelo Supremo Tribunal
Federal, em relação ao IPTU de São Paulo. Aguardem e verão grandes novidades na
área do IPTU em todo o Brasil. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Registramos a presença
da ilustre Srª Judite Dutra, Secretária Executiva do Conselho do Menor e do
Adolescente, Presidente do Mapa, Primeira-Dama do Município de Porto Alegre,
esposa do Dr. Olívio Dutra, a quem convidamos para compor a Mesa e participar
de nossas Bancadas da forma que desejar.
Liderança com o PL, Ver. Wilson Santos.
O SR. WILSON SANTOS: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, em primeiro lugar, inobstante as divergências doutrinárias que
temos com o Partido Comunista do Brasil, a nossa sincera saudação pela
oportunidade democrática que se tem. Democracia se faz com teses, antíteses,
com os dois lados da moeda, verso e anverso, cara e coroa. Nós parabenizamos
esta manifestação democrática do ensejo dos setenta anos do Partido Comunista
do Brasil, e os setenta anos do socialismo, que foi mencionado aqui e que hoje,
com os acontecimentos que ocorreram tão discutidos e tão polêmicos... Mas de
qualquer maneira nosso fraterno abraço aos companheiros do Partido Comunista do
Brasil.
Um outro detalhe, extremamente interessante pela
coincidência, eu era o primeiro inscrito para falar em Liderança, mas como
anunciei ao Presidente da Casa que eu falaria sobre o IPTU, houve um pedido por
parte do PDT de se deter mais na homenagem ao Partido do PC do B, para que
falasse primeiro. Mas tenho certeza de que o Presidente não sabia do programa,
da idéia do Líder, porque o Líder do PDT falou também no IPTU. Eu vou abordar
este aspecto do IPTU, antes de ler os acordos que temos; gostaria, primeiro de
dizer que a imprensa publicou, largamente, que o Partido Liberal havia entrado
junto ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado, com um pedido de habilitação
como assistente para responder junto com a Câmara à ação direta de
inconstitucionalidade movida pela Prefeitura contra a Câmara.
Eu quero anunciar que num despacho do Tribunal de Justiça, o
Desembargador Balduino Mânica despachou, favoravelmente, à habilitação, aonde
eu como representante do Partido Liberal me habilitei como assistente para
responder essa ação. O PFL através da minha pessoa está habilitado pelo
Tribunal de Justiça, e o interessante, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, membros
do PC do B, demais presentes, a nossa argumentação, tenho certeza absoluta de
que fez com que o Desembargador Balduino Mânica despachasse favoravelmente
nosso pedido de habilitação na sustentação preliminar, sustentamos justamente a
nulidade do IPTU calcado no Decreto genérico da planta de valores; está aqui,
posso passar cópia da inicial, está aqui o nosso pedido de habilitação, aonde
fundamentamos, inclusive dar ciência a esta Casa deste documento extremamente
importante que é o acórdão da Justiça paulista: IPTU, valor venal, ilegalidade.
A atualização do valor venal por decreto deve estar sempre limitada pela
correção monetária. O IPTU só pode ser majorado por lei, sendo insuficiente a
que autoriza o Poder Executivo a editar plantas genéricas contendo valores que alterem
a base de cálculo do tributo; se num exercício houve elevação superior à
permitida, que se fizesse por simples decreto. É evidente que os lançamentos
dos exercícios seguintes foram viciados, porque a ilegalidade praticada não
criou para a municipalidade direito adquirido à fixação daquele valor venal.
Esse é o acórdão que estamos, inclusive, trabalhando com a assessoria jurídica,
o que também nos inspirou a solicitar a habilitação junto ao Tribunal de
Justiça do Estado. E esta Decisão da lª Câmara Cívil, ratificando a decisão do
Juiz da Vara da Fazenda Pública, Irineu Maineri, é realmente aquela tese que
estamos defendendo, porque já está protocolado e deferido pelo Tribunal de
Justiça. A tese, que é norte pelo qual trilha o Partido Liberal.
E aqui eu quero fazer uma menção honrosa ao Vereador que
adentra este Plenário, Ver. Leão de Medeiros, porque esta nossa ida à Justiça
tem descerrado fileiras; em dezembro do ano passado, com o Ver. Leão de
Medeiros, que fazia uma lei que até seria inócua porque há lei maior que diz
que não pode haver alteração da base de cálculo uma planta genérica de valores
ditada por decreto, com valores superiores aos da inflação. É estranho que o
Líder do PDT tenha vindo antes deste Vereador. E quero completar, quero saber o
que está acontecendo porque o Ver. Omar Ferri e o Ver. Isaac Ainhorn foram
literalmente agredidos porque o PDT votou contra o projeto do Ver. Leão de
Medeiros e agora faz uma apologia e sensacionalismo em cima desta matéria.
Quero crer que os tempos tenham mudado e quero crer na
sinceridade do PDT, e que o PDT, hoje, possa estar ao lado da população porque
esteve contra a população quando votou contra a planta genérica de valores,
apresentada pelo PDS.
Concluo, Sr. Presidente. Mas eu gostaria de falar porque
este assunto realmente vai gerar polêmica. Faço estas colocações porque eu
persigo coerência. E parece que a Bancada do PDT reencontrou os verdadeiros
trilhos que se direcionam à coerência e ao comprometimento com a sociedade. É
que naquela trágica noite, triste noite, em que o Ver. Omar Ferri e o Ver.
Isaac Ainhorn, por divergirem da Bancada do PDT, foram quase agredidos. Hoje eu
faço esta saudação à Bancada do PDT. Acho que está a encontrar o rumo. A planta
genérica de valores, alterando a base do cálculo acima da inflação, é ilegal.
Concluo dizendo que isso nos vai ajudar. O acórdão da Justiça de São Paulo, vai
nos ajudar. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Antes de colocar a
palavra para a próxima inscrição de Liderança, a Mesa coloca em votação
Requerimento do Ver. José Alvarenga, solicitando Licença, nesta data, 25 de
março, para Tratar de Interesses Particulares.
(Obs.: Foi aprovado o Requerimento de Licença do Ver. José
Alvarenga e dada posse ao Suplente, conforme consta na Ata.)
O SR. PRESIDENTE: Requerimento de autoria
do Ver. Artur Zanella, que solicita Licença para Tratamento de Saúde, por cinco
dias, a partir de hoje.
(Obs.: Foi aprovado o Requerimento de Licença do Ver. Artur
Zanella e dada posse ao Suplente, conforme consta na Ata.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está
com a palavra para uma Comunicação de Liderança.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, não vejo melhor oportunidade para saudar o nosso amigo Edson, do
Partido Comunista do Brasil; e lembrar, aqui, as grandes lutas que o PC do B,
através da nossa querida amiga Jussara Cony, fazia, quando Vereadora, para
travar a ganância na cobrança de impostos por parte das administrações.
Tenho certeza de que a Jussara, se hoje estivesse sentada nesta
Câmara de Vereadores, numa dessas Bancadas, ela, com certeza, estaria ao lado
daqueles Vereadores que lutaram para tentar impedir que a cobrança de impostos
não viesse a prejudicar a população, para que não passasse o nosso Município
pelo pedaço que está passando, de ser o Executivo obrigado a devolver ao
contribuinte aquilo que foi cobrado a mais.
Também quero saudar a Dona Judite Dutra, cujo trabalho vejo
que, embora com muita discrição, silencioso, vem se desenvolvendo com muita
inteligência. É um trabalho que a cidade não vai esquecer, é um trabalho em
prol das comunidades, que tem sido realmente bem realizado.
A minha saudação a sua presença aqui nesta Casa.
Se é verdade que, pelo menos, na fase da batalha judicial,
aquela atitude, aquela ação do Executivo, aquela voracidade do Executivo está
vencendo, neste embate, pelo menos, está perdendo; também é verdade, que, como
dizia o meu amigo Adauto, passando pelos corredores, a Justiça é lenta neste
País, ainda vai haver, porque se trata de matéria constitucional, vai haver
apelação até mesmo para o Supremo Tribunal Federal, que é o órgão maior que
trata das matérias constitucionais. Todas as divergências de matérias
constitucionais acabam no Supremo Tribunal Federal.
Então, até que este processo se arraste até o Supremo, vamos
ter, realmente, passado muito tempo. Terá passado muito tempo. A Administração
do Dr. Olívio Dutra está no final, e, na verdade, o grande prejudicado
realmente com essas medidas, muito embora existam ganhadores, mas o grande prejudicado
será o próximo Administrador dessa Cidade. Que nós queremos que seja o Dep.
Valdir Fraga, Vereador durante 14 anos e Deputado agora, enfrentando inclusive
as mentiras, e olha, estou falando o termo real, mentiras que estão sendo
contadas pelo jornal Correio do Povo, praticamente todos os dias,
invertendo e fazendo com que todas as notícias que são passadas para eles, com
referência ao Partido Trabalhista Brasileiro, tenham uma redação completamente
diferente do que a notícia que realmente foi passada.
Mas eles estão elogiando muito o Tarso, estão elogiando muito o Dr. Ibsen, então, eu até acho que eles têm candidatos.
A Câmara agiu bem, muito embora essa não seja uma ação da
Câmara, essa seja uma ação anterior, ação da Câmara agora é uma nova ação. Essa
ação da Câmara vai se embasar, vai se apoiar sobre essas sentenças que estão
sendo dadas na atualidade, e vai acabar ganhando, mas vai demorar. Mas o que
vai ficar, e o que tem que ser passado para a população dessa Cidade, é que
esta Administração está utilizando um dinheiro que não é seu, dinheiro que não
é seu, recursos que não lhe pertencem, para fazer aquilo que chamam de
benfeitorias, mas é entre aspas, porque, na verdade, eu acredito que os gastos
e os grandes prejuízos que esta Cidade está sofrendo, nós estamos vendo na
televisão todos os dias, espaços grandes que estão sendo utilizados, gastando
muito dinheiro público, realmente, sem que a população possa estar bem
informada daquilo que ela tem direito. Obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Comunicação de
Liderança, com a Bancada do Partido dos Trabalhadores, Ver. Antonio Hohlfeldt.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Ver.
Dilamar Machado, prezados companheiros do PC do B, especialmente ao Edson
Silva.
Quero, a exemplo do Ver. Luiz Braz, resgatar, aqui, a
lembrança da companheira Jussara Cony, com quem tive, durante seis anos, o
prazer de conviver nesta Casa. E que ambos na representação isolada de nossas
Bancadas, teríamos, sem dúvida nenhuma, soçobrado, desaparecido, se não
soubéssemos ultrapassar as eventuais diferenças momentâneas para somarmos um
bloco que acabamos fazendo nesta Casa, que acho que criou momentos importantes,
soube ocupar espaços importantes em relação às linhas genéricas das discussões
de Porto Alegre.
Pediu-me o Ver. Airto Ferronato que falasse igualmente em nome do PMDB, nesta homenagem, que eu agradeço ao Ver. Ferronato esta referência e esta responsabilidade ao mesmo tempo.
Quero neste sentido, companheiros do PC do B, resgatar,
sobretudo, até porque em alguns momentos muitos companheiros da esquerda têm
titubeado, resgatar exatamente a nossa crença na questão do socialismo, como eu
ouvi, há pouco, o companheiro na entrevista da Rádio Guaíba.
Acho que foi muito fácil, durante certos tempos, munidos daquilo
que se transformou numa Bíblia, que era a citação Marxista, Leninista,
Stalinista, declamar fórmulas feitas, tem sido difícil, nesta hora, se
reafirmar crenças em valores básicos em relação ao socialismo, e ir, sim, aos
princípios marxistas, não a partir de teorias decoradas, mas a partir de
crenças que se alicerçam claramente na experiência política do dia a dia. Os
companheiros bem sabem, e é por isso que me sinto muito tranqüilo aqui em
falar, não apenas em nome do meu Partido, mas também do companheiro Ferronato,
do PMDB, de que muitos dos nossos companheiros das diferentes áreas da esquerda
têm uma profunda formação marxista, e nada contra. Mas muitos de nós, me incluo
entre eles, não temos especificamente esta formação, e acho que isso não impediu
que, ao longo desses anos da nossa representação, ou na luta sindical, ou aqui
dentro deste Plenário, defendêssemos com absoluta responsabilidade e coerência
aquilo que era, fundamentalmente, a luta do socialismo, e, a luta, sim, do
marxismo na crença da reunificação do ser humano dentro da perspectiva do
capital, do lucro e, sobretudo, dentro dessa época, do lucro absolutamente
desenfreado e monopolístico.
É, portanto, nesse sentido que eu queria reafirmar aqui, em
meu nome pessoal, em nome do companheiro Ferronato, e dos companheiros do PMDB
que comungam com essa linha, em nome dos meus companheiros de Bancada, de que,
realmente, nós não abrimos mão dessa crença socialista, e, sobretudo, de uma
série de princípios fundamentais que foram descobertos, definidos e
concretamente esboçados pela teoria Marxista. E que se houve erros na prática
formal da experiência socialista do leste europeu, não impede que comecemos de
novo, que façamos as correções, mas que, sobretudo, continuemos crendo que sem
o ser humano como centro, sem o humanismo fundamental, nós não vamos chegar a
nenhum lugar. E isso realmente vai levar muito tempo, mas a história vai nos
comprovar esta questão. E se há oportunismos, inclusive na esquerda, ou na dita
esquerda, nos dias de hoje, que se corrija isso no futuro e que esses
companheiros venham fazer a sua autocrítica mais adiante.
Eu queria, se me permitem os companheiros, até por
coerência, neste espaço de Liderança, dizer aos companheiros que se
pronunciaram antes sobre a questão do IPTU, que nós não vamos aqui polemizar
sobre a matéria em si, apenas queremos os pontos nos is quanto a esta
informação extremamente ambígua de má-fé que os meios de comunicação divulgam
no dia de hoje. Queremos chamar a atenção que este é o resultado de um processo
absolutamente isolado. É um cidadão que entrou com uma ação e que ganhou na
primeira instância. Em compensação a Prefeitura já teve várias outras tantas
vitórias, em ações semelhantes, no mesmo Tribunal de Alçada, apenas que com
juízes diferentes.
Os juízes são humanos, eles têm posições, eles podem tomar
estas posições para um, ou para outro lado, dentro de uma legislação genérica.
Nós temos absoluta confiança de que como ocorreu em outras situações no
decorrer desse processo, nas apelações que vão ocorrer, até porque não houve
decisão unânime, foi uma decisão por dois a um, nós haveremos de repor os
pontos nos is dessas questões.
E, sobretudo, nós confiamos de que a Justiça neste País,
gradualmente tem se definido também pela questão social e não pela questão
formal jurídica. E se ela, a Justiça, através de um juiz concreto, assumir
realmente a questão social, seja na primeira instância, seja num Tribunal de
Alçada, seja no Superior Tribunal do Estado, seja no STF, ela dará ganho de
causa àquela política que foi adotada pela Administração Popular, à repartição
de renda, e não à concentração de propriedade, como é toda a disputa que está
colocada no IPTU, é, na verdade, a questão de fundo.
Então, nos sentidos tranqüilos nestas duas manifestações, porque
não vemos incoerência, ao saudar os companheiros do PC do B, em reafirmar a
crença no socialismo, e, ao mesmo tempo, defender a política adotada pela
Administração Popular na questão do IPTU. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Gert Schinke.
O SR. GERT SCHINKE: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Nós não poderíamos deixar de nos manifestar nesta data importante,
em que a Câmara homenageia o Partido Comunista do Brasil. Humildemente nós do
Partido Verde, assumimos a condição de ser um partido pequeno da esquerda no
Brasil, e achamos que o nosso movimento deve garantir a sua pluralidade. Nós
sempre dissemos aos companheiros - não somente do PC do B, como do PCB, do PPS,
do PT, do PSB, de outros tantos que se alinham com as diretrizes gerais, com as
bandeiras gerais que prega esquerda do Brasil em todo mundo, o
internacionalismo ecológico -, que nós não queremos crescer às custas do
desmantelamento dos Partidos de esquerda que estão em crise; nós queremos crescer
junto com eles, nós queremos construir um movimento plural, rico, cheio de
contradições que possa produzir novas qualidades. E é assim que nós entendemos
hoje o papel também importante que o PC do B tem como um dos baluartes da luta
pelo socialismo, das bandeiras libertárias no Brasil, e das suas manifestações
no resto do mundo.
Faria uma lembrança especial ao processo que está
acontecendo atualmente, nos últimos dias, na Albânia, onde a esquerda
tradicional, que tem, no PC do B, um dos seus representantes a nível
internacional, sofre uma derrota fragorosa nas eleições democráticas que, pela
primeira vez depois de décadas, estão acontecendo na Albânia, na data de hoje.
Ao mesmo tempo, quero registrar, mais uma vez, aqui na tribuna, que, em
contraposição, outros partidos, de outras vertentes de esquerda, crescem na
Europa, como é o caso dos Verdes, na França, que tiveram a duplicação de votos
em relação à eleição passada, tendo uma estrondosa vitória eleitoral, se
constituindo, hoje, na segunda força política da França, inclusive como uma
saída diante do crescimento da ultradireita, da direita do Le Pen.
Nós, como um partido pequeno, da esquerda, achamos que o PC
do B, como os demais partidos, contribuiu nesse processo democrático e tem o
seu espaço garantido, que nós defenderemos com unhas e dentes, assim como
também o dos demais partidos.
Por outro lado, eu queria também fazer uma menção à
companheira de lutas, Deputada Jussara Cony, que nunca negou a sua disposição
diante das bandeiras ecológicas. Eu lembro perfeitamente quando estávamos na
chaminé do Gasômetro, naquele protesto, em 1988, que a então Vereadora Jussara
Cony foi uma das primeiras parlamentares a chegar no pé da chaminé e se
solidarizar com o nosso movimento ecológico, defendendo nossas bandeiras,
inclusive, na época, a nossa contrariedade ao famoso Projeto Praia do Guaíba,
que a Jussara Cony, tão ardorosamente, foi contra, ligando-se aos ecologistas.
Eu queria, também, discordar fraternalmente do Ver. Luiz Braz, que veria, na
Deputada Jussara Cony, uma defensora daquele movimento contrário às alíquotas
do IPTU. Fraternalmente, Ver. Luiz Braz, eu acho que se a Deputada Jussara Cony
fosse nossa colega Vereadora hoje, ela defenderia o imposto progressivo, a
justiça do IPTU, porque é o único imposto direto, socialmente justo,
politicamente justo, que é aplicado no País, um dos poucos impostos socialmente
justo. E vamos defender a progressividade, embora isto aperte os calos de
alguns burgueses, alguns ricos que acham que a alíquota é muito grande para as
suas propriedades. Talvez tivéssemos aqui, na Vereadora Jussara Cony, uma das
defensoras da justiça que faz o IPTU, e que a Administração Popular está
levando adiante.
Era esse o nosso registro em saudação ao PC do B. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PDS,
Ver. Vicente Dutra, por cinco minutos.
O SR. VICENTE DUTRA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores; ilustre Primeira Dama Srª Judite Dutra; ilustre companheiro de
jornadas políticas, embora em campos opostos, Sr. Edson Silva, e seu
companheiro do PC do B.
A nossa saudação especial quando se comemora uma data deste
Partido no País. Embora o PDS tenha posições diametralmente opostas as aqui
expostas por V. Exª, não deixamos de manifestar o nosso regozijo em saber que,
graças a Deus, a democracia permite que haja divergências e congraçamento de
opiniões diversas. Entendemos que a verdade não está neste ou naquele grupo. O
PDS nem quer se intitular dono da verdade.
A verdade está um pouco em cada um, em cada história. E o
Parlamentarismo, que haveremos de implantar a partir de 1994, e tenho certeza
que com o apoio do Partido Comunista, haverá de fazer este somatório de
verdades para a grande verdade que é a atenção para o povo. Isto só será
possível com o parlamentarismo.
A nossa saudação, embora na divergência, a nossa saudação
mais fraterna.
A justiça tarda, mas não falha, meu caro Embaixador. Ela
demora, nos sentimos desprotegidos, mas ela não falha. Esta decisão da Justiça,
embora uma decisão isolada, atendendo um número pequeno de contribuintes, é de
extrema importância para os acontecimentos que foram feridos nesta Casa, no fim
do ano e no início deste. Houve uma tentativa espúria, um blefe, uma chantagem
eleitoral, e isso foi longe demais. O resultado desse tremendo equívoco,
trapalhada, é que assume a Presidência da Casa o adversário principal daquele
grupo que tentava fazer o blefe.
E Porto Alegre foi testemunha, e o Sul, e o Brasil também, e
isso marcou um exemplo para todo o País de um comportamento ético da classe
política. Isso é o que mais me desconforta. Não foi o episódio de ter perdido a
Mesa, nunca nasci Presidente, e eu sabia que o acordo tinha seus riscos, mas se
tivesse que fazer de novo, faria naquelas mesmas circunstâncias. O que mais me
desconforta, Ver. Omar Ferri, é a oportunidade que nós perdemos de dar uma
demonstração a Porto Alegre, de marcar uma posição, de convivência, de
respeito, e, sobretudo, de ética e comportamento nesta Casa. A Câmara perdeu e
desestabilizou os signatários do acordo, três companheiros, desestabilizados
por aquela confusão, uns mais outros menos, romperam o acordo e hoje está na
Presidência da Casa o adversário do Partido que agora internamente, como na
Inconfidência Mineira, um joga a culpa no outro.
O único Vereador que teve a dignidade pessoal de manifestar
publicamente o seu desconforto por aqueles acontecimentos patrocinados pelo PT
foi o Ver. Clovis Ilgenfritz. O meu respeito a essa figura, porque na hora da
verdade temos que ter a dignidade de romper até com o Partido, até com o pai,
com a mãe, com o Papa. Ninguém pode tolher a nossa dignidade! Nem Tarso Genro e
nem em apoio para Projeto nenhum! Nesse sentido, o Ver. Clovis Ilgenfritz foi
de uma postura que merece os nossos elogios e o nosso respeito.
Outros companheiros também lutaram para que o acordo fosse
cumprido, eu, inclusive, Presidente do Partido, alguns Deputados, e até no seio
da Bancada, mas não tiveram a coragem que teve o Ver. Clovis Ilgenfritz de ir
aos jornais e dizer: sou contra a quebra do acordo, tenho a minha dignidade
pessoal, está aqui a liderança eu a entrego, porque não posso ser líder de um
Partido que não tenha a dignidade de fazer o cumprimento de uma coisa escrita
duas vezes.
A Justiça, agora, repõe aquilo que aquela trágica noite de
27 de dezembro se fez nesta Casa, num mau momento do PDT, péssimo momento para
o PDT, depois arrependido. E a Justiça, Ver. Omar Ferri, nós que entramos
naquela noite com ação na Justiça, depois impetramos logo em seguida, e não
fomos entendidos por aquele Juiz de simulares, pela decisão do Tribunal de
Alçada repõe aquilo que nunca tivemos dúvida, imposto do IPTU só pode ser
aumentado com decisão legislativa; é a mesma ação, porque por decreto V. Exas através da Administração Popular fazem
retificação da planta de valores. Não podem fazer, e a proposta do Ver. Leão de
Medeiros era de não deixar aumentar acima da inflação; e a decisão do Tribunal
de Alçada, diz que nem a inflação, de 1%, 1000%, 500% deve passar pelo Poder
Legislativo que tem incumbência, fosse excepcional, para falar pelo povo de
Porto Alegre. É a primeira lição que tomamos do PT das muitas que já tomamos.
E, digo mais aos senhores, esta decisão vai ensejar também a anulação do IPTU
de 1990 e de 1989. Podem crer V. Exas, não pode só aumentar
como também não pode isentar em 68% grandes proprietários de terras em Porto
Alegre, são dois pesos, na classe média, em outros proprietários de terras dão
isenção de 68%. Obrigado.
(Revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, não há
mais inscritos para falar em tempo de Liderança, a Mesa suspende os trabalhos
por dois minutos para as despedidas dos companheiros do PC do B, e, em seguida,
reiniciaremos, para ingressarmos no Grande Expediente e Pauta.
(Suspensos
os trabalhos às 15h17min.)
O SR. PRESIDENTE (às 15h19min): Reiniciamos os
trabalhos da presente Sessão. Tem a palavra o Ver. Adroaldo Corrêa, para um
Requerimento.
O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente,
gostaria de requerer, consultando as Lideranças presentes, de fazer a inversão
do Grande Expediente pela Ordem do Dia, destacando na Ordem do Dia, para ser
votado em primeiro lugar, a matéria referente ao Parecer da Comissão Especial
constituída para apurar as questões relativas à escolha dos Membros do
Conselhos Tutelares, a folhas 4 do espelho.
O SR. PRESIDENTE: A proposta seria no
sentido de começarmos pela Pauta, depois Ordem do Dia, com preferência pela
folha 4.
Tem a palavra o Ver. Antonio Hohlfeldt.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, não
contraditando o Requerimento do Ver. Adroaldo Corrêa, nós queríamos propor que
se começasse pela Pauta, sem discussão, depois entrando na Ordem do Dia.
O SR. PRESIDENTE: Ocorre que o Ver.
Clovis Ilgenfritz já se inscreveu para discutir a Pauta. Se ele abrir mão...
Desiste.
Então em colocação o Requerimento do Ver. Adroaldo Corrêa,
aditado pelo Ver. Antonio Hohlfeldt. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores
que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
A ordem dos trabalhos fica a seguinte: a partir deste
momento, Discussão Preliminar da Pauta, mediante acordo com as Lideranças e
decisão de Plenário, sem discussão.
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
1ª SESSÃO
PROC.
Nº 0139/92 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 008/92, de autoria do Ver. Gert
Schinke, que cria o Alvará do Ar Limpo para efeito de licenciamento para
circulação dos veículos públicos de propriedade do Município e que estão sob
seu controle e fiscalização; estabelece penalidades e dá outras providências.
PROC.
Nº 0598/92 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 026/92, de autoria do Ver. Luiz
Braz, que institui o Zoneamento de Farmácias e Drogarias no limite do Município
de Porto Alegre.
PROC.
Nº 0633/92 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 006/92, de autoria do Ver. Leão
de Medeiros, que cria o Conselho Municipal de Entorpecentes (COMEN) e dá outras
providências.
PROC.
Nº 2503/91 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 217/91, de autoria do Ver.
Vicente Dutra, que declara de Utilidade Pública o Grêmio Náutico Gaúcho.
PROC.
Nº 3173/91 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 274/91, de autoria do Ver.
Artur Zanella, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao
Dr. Octávio Germano.
PROC.
Nº 2845/91 - SUBSTITUTIVO Nº 01, do Ver. Vicente Dutra, ao PROJETO DE
LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 054/91, de sua autoria, que prorroga,
para os aposentados e pensionistas, os prazos para pagamento dos tributos e
tarifas municipais que especifica, e dá outras providências.
2ª SESSÃO
PROC.
Nº 2391/91 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 201/91, de autoria do Ver.
Adroaldo Corrêa, que dispõe sobre concessão e permissão de uso de terras
públicas rurais, de propriedade do Município, para fins de produção agrícola
cooperativada.
PROC.
Nº 3183/91 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 066/91, de autoria da Verª Letícia Arruda, que
concede o título honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor Hélio da Conceição
Fernandes da Costa.
PROC.
Nº 3184/91 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 067/91, de autoria da Verª Letícia Arruda, que
concede o "Prêmio Lupicínio Rodrigues" ao compositor, cantor,
instrumentalista, poeta e historiador gaúcho, Airton Pimentel Silveira.
PROC.
Nº 3185/91 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 059/91, de autoria do Ver. José
Valdir, que dispõe sobre o controle e fiscalização das instalações comerciais,
industriais e de serviços que envolvam risco à saúde do trabalhador no
Município de Porto Alegre.
PROC.
Nº 3203/91 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 276/91, de autoria da Verª
Letícia Arruda, que denomina Praça Setembrino Nunes da Silva um logradouro
público localizado no Bairro Farrapos.
PROC.
Nº 0106/92 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 001/92, de autoria do Ver.
Wilson Santos, que dispõe sobre arrecadação, movimentação e aplicação dos
recursos auferidos com o item "depreciação da frota" constante do
cálculo da tarifa de ônibus.
PROC.
Nº 0292/92 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 001/92, que inclui § 4º no
artigo 32 da Lei Complementar nº 133, de 31 de dezembro de 1985, e § 5º ao
artigo 129 da mesma Lei, e dá outras providências. (Cedência de servidores e
cômputo do exercício de FG ou CC quando cedidos às sociedades de economia mista
do Município.)
PROC.
Nº 0439/92 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 017/92, de autoria do Ver. Edi
Morelli, que cria o evento Luz e Canto de Natal.
PROC.
Nº 0567/92 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 025/92, de autoria do Ver. João
Motta, que denomina Casca Alpina um logradouro público localizado no Bairro
Cascata.
PROC.
Nº 0636/92 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 030/92, de autoria do Ver. João
Dib, que denomina Rua Bernardo Golbert um logradouro público, localizado no
Loteamento Residencial M.B.M.
O SR. PRESIDENTE: Ingressamos na Ordem do
Dia, solicito ao Ver. Leão de Medeiros que proceda à chamada nominal para nova
verificação de "quorum".
O SR. 1º SECRETÁRIO: (Procede à chamada
nominal.) Há "quorum", Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Havendo
"quorum", passamos à
VOTAÇÃO - PARECER
Da
Comissão Especial, constituída para apurar as questões que envolvem o processo
de escolha dos membros dos Conselhos Tutelares. Relator Vereador Leão de
Medeiros. (Proc. nº 0613/92 - Req. nº 057/92, de autoria do Ver. Vieira da
Cunha.)
O SR. PRESIDENTE:
A Mesa solicita a atenção dos Srs. Vereadores para a leitura do ofício
encaminhado à Presidência da Câmara Municipal pela Srª Judite da Rocha Dutra,
Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.
Pediria a atenção dos Vers. João Dib e Luiz Braz pela posição de lideranças que
ocupam na Casa. (Procede à leitura do Ofício.)
“Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente
Of. 028/92 Porto Alegre, 24 de março de 1992.
Sr.
Presidente:
Na oportunidade, em que a Câmara de Vereadores propicia o
debate popular, ainda que polêmico, sobre Conselhos Tutelares, este Conselho
Municipal sente-se gratificado pela repercussão do assunto na opinião pública.
Desta forma, tendo em vista oportunizar maior divulgação e conhecimento pela
comunidade da importância deste órgão, bem como possibilitar aos candidatos
maior contato com o eleitor para apresentação de suas propostas de trabalho,
decidiu dilatar o prazo da campanha eleitoral, fixando a data da eleição em
17/05/92.
Este Conselho Municipal reafirma seu propósito de buscar
soluções em conjunto com a Câmara Municipal, que viabilizem a implantação e
instalação de oito Conselhos Tutelares este ano, em nossa capital, respeitando
o processo em curso. Em razão disto estará discutindo em sua reunião ordinária
do dia 25 de março de 1992, às 17h30min, a elaboração de uma modificação na lei
municipal nº 6787/91 buscando sua adequação formal ao novo texto do artigo 139
do Estatuto da Criança e do Adolescente, modificação esta que será
posteriormente enviada a essa Câmara.
Na certeza, Sr. Presidente, de que V. Exª bem como a maioria
dos integrantes dessa Câmara, posiciona-se em favor da criança e do
adolescente, colocando o atendimento às suas necessidades acima das questões
partidárias, o Conselho Municipal conta com seu especial empenho na consecução
deste objetivo comum.
Atenciosamente.
(a) Judite
da Rocha Dutra - Presidente do CMDCA.”
Este o Ofício encaminhado pela Srª Judite Dutra que, por
acaso, hoje, compõe a nossa Mesa, e que é Presidente do Conselho Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescente e Primeira Dama do Município de Porto
Alegre.
Este processo não tem mais discussão e não tem mais parecer.
As Bancadas, se quiserem, poderão pedir a palavra para encaminhamento da
votação. Antes, porém, coloco a palavra à disposição do Ver. Elói Guimarães,
Presidente da Comissão Especial e do Ver. Vieira da Cunha, Relator da matéria,
depois, às lideranças de Bancadas.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem):
Sr. Presidente, eu só queria de parte dessa Questão de Ordem que eu formulo a
V. Exª, pedir um esclarecimento a respeito do encerramento da discussão deste
Projeto, V. Exª há pouco anunciou. Eu entendo quanto ao Parecer, ao que me
consta ele estava na Ordem do Dia, para Discussão Geral e Votação na
sexta-feira, por seu Requerimento, do nobre Vereador Clóvis Brum,
posteriormente foi adiado por duas Sessões; então caiu na Sessão de hoje. Então
eu entendo que deveria ter, como não houve até agora a discussão, abertura da
Discussão Geral e Votação.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa responde à
Questão de Ordem de V. Exª, em primeiro lugar, o parecer estava na Ordem do Dia
de sexta-feira para votação, e volta hoje como parecer para votação. Não se
trata de um projeto, não há discussão em parecer, ele é votado como se fora um
requerimento, ele tem apenas, no momento ele chega a Plenário apenas à votação
com os seus respectivos encaminhamentos.
O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Ao
que tudo me indica, pelas informações que V. Exª dá, nós ainda vamos receber
nos próximos dias um Projeto que virá regulamentar aquilo que ficou
estabelecido no Estatuto da Criança, do Menor e do Adolescente, e o que nós
estaríamos votando hoje, seria apenas o Parecer da Comissão, e para isso só
realmente cabe encaminhamentos.
O SR. PRESIDENTE: Mas o que a Mesa iria
propor antes da Questão de Ordem sugerida pelo Ver. Isaac Ainhorn, é que tendo
em vista o documento que nos chega oficialmente através da Presidente do
Conselho - é o ponto de vista do Presidente da Casa, ele respeita como sempre a
decisão de Plenário -, que essas questões levantadas no Parecer conclusivo da
Comissão estão contempladas na resposta, ou seja, que a Comissão sugere no seu
Parecer é que a data da eleição fosse adiada, já está adiada. E para evitar uma
nulidade do processo eleitoral, que o Executivo encaminhasse um Projeto de Lei
para adequar a eleição dos conselhos, através da Legislação Municipal à Lei
Federal. Este objetivo alcançado, o que a Mesa ia sugerir, até para evitar
desgaste, altera o encaminhamento entre a Bancada e as forças políticas da
Casa, que se prorrogasse eventualmente a votação desse Parecer para o momento
da discussão em torno da lei que será encaminhada, é o Projeto de Lei que será
encaminhado, é uma sugestão da Mesa e a Mesa se dispõe a aceitar o que a
maioria do Plenário deliberar.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de Ordem):
Sr. Presidente, eu me sinto contemplado com o encaminhamento, a proposta que V.
Exª fez ao Plenário da Casa, portanto, não tenho mais Questão de Ordem a
apresentar. Muito obrigado.
O SR. OMAR FERRI (Questão de Ordem):
Sr. Presidente, a proposta de V. Exª é no sentido de que a votação desse
Parecer seja adiada?
O SR. PRESIDENTE: Que seja adiada e se
aguarde o encaminhamento dessa proposta de lei para que na discussão da lei a
ser encaminhada pelo Executivo, se vote ou não o Parecer, porque me parece que
se mandarem uma lei adequada, atingindo os objetivos da Comissão, houve um
consenso, um acordo, não há vencidos nem vencedores, apenas um objetivo comum.
É a proposta da Mesa.
O SR. OMAR FERRI: Este Vereador concorda
plenamente com a proposta de V. Exª, mesmo porque há uma grande diferença entre
os Vereadores que participaram da Comissão, que acompanharam o desenrolar da
Comissão e que sabiam do Parecer prolatado pelo Ver. Leão de Medeiros, e os
outros Vereadores, que não fazem parte da Comissão e que só agora, pela
distribuição do Parecer ao Plenário, tomaram conhecimento rapidamente do
Parecer. Então, isso ensejaria que também os outros Vereadores que não
pertenceram à Comissão tivessem conhecimento dessa matéria. Mas eu permitiria
formular já esse primeiro aspecto se houver adiamento, está resolvido, eu
concordo com a proposta de V. Exª.
Sr. Presidente, me parece que um dos pontos do inconformismo
era também que o prazo de inscrição de candidatos era exíguo. Eu não sei agora
se esse adiamento da votação dos membros dos Conselhos Tutelares ainda permite
a inscrição de novos concorrentes.
O SR. PRESIDENTE: Indiscutivelmente, não.
O Parecer da Comissão sugere o adiamento das eleições e o envio de um Projeto
de Lei para regular a questão legal das eleições. Essa é uma outra questão que
não está na conclusão do Parecer, embora discutida durante a reunião da
Comissão.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem):
Sr. Presidente, eu gostaria, inicialmente, de requerer o adiamento da votação
do Parecer, tão-somente do Parecer, por duas Sessões e nesse prazo do adiamento
por duas Sessões, eu gostaria também de ouvir a Comissão de Justiça e a
Auditoria da Casa, sobre se há ou não discussão geral de parecer; quando vai à
votação o parecer. Porque eu tenho para mim, Presidente, e o próprio Presidente
anterior da Casa pode confirmar isto, que no ano passado sob a sua presidência,
nós discutíamos inúmeros pareceres e tinha sempre discussão geral. Como há uma
dúvida, eu requereria o adiamento tão-somente, pura e simplesmente por duas
Sessões, para discussão do Parecer, também pode acontecer que no curso do
adiamento das duas Sessões, venha o Projeto. Agora o Parecer, nós vamos ter que
examiná-lo, ou daqui a duas Sessões, ou daqui a três Sessões.
Então eu requeiro pura e simplesmente o adiamento por duas
Sessões. E a ouvida da Comissão da Justiça e da Auditoria.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Isaac Ainhorn,
ambos os Requerimentos faça-os por escrito, porque necessariamente precisam ser
por escrito.
Quanto à ouvida das Comissões, a Mesa defere de pleno.
Quanto ao adiamento submeterá a decisão do Plenário.
O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem):
Sr. Presidente, acho que a decisão de V. Exª nós acatamos, até porque com a
vinda do Projeto, mesmo essa questão da reabertura do prazo, poderá ser
discutida exatamente com o Projeto. Porque nós da Câmara de Vereadores temos
condições até mesmo de oferecer emendas, se porventura o Prefeito não mandar
aqui o Projeto já com a reabertura, então não tenho por que realmente não adiar
a discussão do Parecer, até que o Projeto possa chegar aqui na Casa.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa coloca em
votação o Requerimento do Ver. Isaac Ainhorn, para que o Parecer da Comissão
Especial, que tratou do assunto Conselhos Tutelares, tenha adiada a sua votação
por duas Sessões.
Em votação o Requerimento. (Pausa.) APROVADO, contra
os votos do Ver. Luiz Braz, Ver. José Valdir e Ver. Ervino Besson.
Adiada então a votação do Parecer por duas Sessões.
Nós gostaríamos de agradecer não só a presença da
companheira Judite, como de todos os companheiros aqui presentes, ao Secretário
Executivo do Conselho de Criança e do Adolescente.
E vou dizer ao companheiro que é candidato ao Conselho
Tutelar, que se fizer mais uma manifestação será retirado do Plenário. Não pode
se dirigir à Mesa.
(Manifestações nas galerias.)
O SR. PRESIDENTE: Peço à segurança da
Casa que retire este cidadão do Plenário.
O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem):
Sr. Presidente, imagine que o Projeto do Executivo poderá chegar na Casa amanhã.
Aprovamos aqui um Requerimento adiando a votação desse Parecer por duas
Sessões, se o Projeto chegar amanhã, poderemos discutir isto amanhã na Casa?
O SR. PRESIDENTE: Adiada por duas Sessões
a discussão, a de hoje e a de sexta-feira. A matéria voltará à Ordem do Dia na
Sessão Ordinária de segunda-feira.
O Ver. Gert Schinke requer que o ofício que foi entregue à Presidência da Casa, o documento seja reproduzido e entregue aos Srs. Vereadores. Autorizamos imediatamente. Os Vereadores vão receber cópia deste documento.
Vamos suspender os trabalhos por dois minutos para que os
Vereadores façam contatos com nossos visitantes.
(Os
trabalhos foram suspensos às 15h39min.)
O SR. PRESIDENTE (Dilamar Machado -
às 15h46min): Estão reabertos os trabalhos.
Chamamos a atenção das Lideranças aqui presentes que, a
partir deste momento, está em Discussão Geral, em 1ª Sessão, o Projeto de
Resolução nº 037/91.
DISCUSSÃO GERAL
1ª SESSÃO
PROC.
Nº 2351/91 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 037/91, de um terço dos Vereadores, que aprova o
Regimento Interno da Câmara Municipal de Porto Alegre. Com Emendas de nº 01
a 96. Subemenda 01 à Emenda 81.
Parecer:
- da Comissão Especial, Relator, Vereador Lauro Hagemann: pela aprovação e pela aprovação das Emendas: 01, 11 a 30, 32, 34, 35, 36, 38, 40 a 50, 52 a 59, 61 a 68, 70 a 74, 77 a 84, 87, 89 a 92 e 96; pela rejeição das Emendas: 02, 04 a 10, 31, 33, 37, 39, 51, 60, 69, 75, 76, 85, 86, 88, 93 a 95 e pela aprovação da Subemenda 01 à Emenda 81. Emenda nº 03: retirada pelo autor.
O SR. PRESIDENTE: O caderno do Projeto
com as Emendas ao Regimento Interno não será distribuído novamente. A Mesa quer
discutir com as Lideranças sobre a utilização das máquinas Xerox da Casa,
estamos com uma carga imensamente superior à capacidade das máquinas, precisamos
estudar, em conjunto, medidas de economia.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de Ordem):
Gostaria de ter uma orientação da Mesa com relação aos procedimentos que serão
feitos para uma primeira Discussão Geral. Quantas Sessões vamos ter com discussão?
Quando entramos com Emendas? Esse processo é muito importante para a Casa e
como a Mesa anteriormente já havia apresentado um sem número de Emendas,
gostaria desse esclarecimento.
O SR. PRESIDENTE: Sua Questão de Ordem é
muito importante. A Mesa esclarece a todos que serão cinco Sessões de Discussão
Geral do Regimento Interno, e o prazo para a apresentação de novas Emendas é
coincidente com a realização destas cinco Sessões de Discussão Geral do
Regimento Interno. A Mesa já recebeu nesta data uma série de Emendas que passa
a apregoar.
Pediria ao Sr. Secretário que apregoasse as Emendas, que
posteriormente retornarão à Comissão Especial para Parecer do Relator-Geral.
A Mesa repete para os Senhores Vereadores, durante as cinco
Sessões de Discussão Geral coincide o prazo para apresentação de eventuais
Emendas por parte do Plenário, de qualquer Vereador da Casa.
A Mesa apregoa Emendas ao Projeto de Resolução nº 37/91, nos
97 a 110, de autoria do Vereador Lauro Hagemann; de nº 111 a 113, de
autoria do Vereador João Dib; de nº 114, de autoria do Vereador Adroaldo
Corrêa; de nº 115, de autoria do Vereador Gert Schinke; e de nº 116, de autoria
do Vereador José Valdir.
A Mesa esclarece, aos Srs. Vereadores, que após esse prazo
de cinco Sessões de Discussão Geral, encaminhará todas as Emendas ao
Relator-Geral, Ver. Lauro Hagemann, que terá cinco dias para novo Parecer.
Concluído o trabalho, a matéria retorna ao Plenário para a Ordem do Dia, para
votação do novo Regimento Interno.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de Ordem):
Sr. Presidente, querendo colaborar com a Mesa e com os companheiros que estão
organizando o caderno, eu me permitiria, se bem li aqui, levantar a questão que
nas folhas 49, do bloco distribuído, existe uma Subemenda nº 01 à Emenda nº 52
que não se encontra mencionada no espelho. A sugestão é de que proximamente no
segundo espelho seja incluída, até para orientação dos Srs. Vereadores.
O SR. PRESIDENTE: A Diretoria Legislativa
explica que também no Parecer do Ver. Lauro Hagemann não está citada esta
Subemenda. Mas será corrigida. Nós agradecemos a V. Exª.
O SR. LUIZ MACHADO (Questão de Ordem):
Sr. Presidente, a minha Questão de Ordem se baseia numa informação à Mesa de
que este Vereador apresentou, me parece que no início da discussão de alteração
do Requerimento Interno, encaminhei à Comissão provisória, na época presidida
pelo Ver. Vieira da Cunha, três Emendas ao Regimento Interno e nenhuma consta
desses avulsos que estão aqui.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Luiz Machado,
aquela fase que V. Exª se refere, era a fase de pré-elaboração do projeto
final, aquela fase está vencida, mas V. Exª tem o direito de, neste momento,
reapresentar as emendas para reavaliação por parte da Comissão e do
Relator-Geral.
O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente para uma
informação, as emendas que estão incluídas neste Processo são as emendas
apresentadas na segunda fase, ou seja, não aparecem no caderno?
O SR. PRESIDENTE: Exatamente. As demais
emendas poderão ser reapresentadas pelo Ver. Luiz Machado e outros Vereadores.
O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr.
Presidente, não tenho nenhuma dúvida quanto à inteireza do nosso Relator-Geral,
mas vi que ele apresentou uma série de emendas ao Regimento Interno. É ele quem
vai julgá-las?
O SR. PRESIDENTE: Indiscutivelmente, Ver.
João Dib, a questão de um Vereador ser relator-geral jamais poderá inibi-lo de
apresentar emendas, porque quem vai julgá-las é o conjunto da Comissão e,
finalmente, o Plenário da Casa. V. Exª levanta o problema de ele ficar inibido
em dar parecer favorável? É isso? A Comissão não é obrigada a acolher parecer
favorável.
O SR. JOÃO DIB: Não, acho que no
próprio relato ele poderia dar a solução, ao invés de apresentar emenda.
Evidentemente que ficaria muito melhor fazê-las no próprio parecer as correções
que julgasse necessárias.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, eu me
inscrevo para discutir, e, posteriormente, responder ao Ver. Dib.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Nereu D'Ávila
está com a palavra.
O SR. NEREU D'ÁVILA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, iniciamos, neste momento, uma das fases mais importantes da Câmara
Municipal, que também tem que pautar-se por regulamento interno, que é o nosso
Regimento, e que é a nossa constituição, muitas vezes violentada por nós
mesmos. Entretanto, temos que levar esta discussão a sério e procurar
racionalizar esta etapa para termos, ao seu término, um Regimento Interno
enxuto, e, no meu entendimento, baseado nos princípios da racionalidade, da
agilidade e também da modernidade, embora modernidade seja um termo um tanto desgastado.
Estou aqui apresentando oito Emendas, e gostaria da atenção dos meus pares, no
sentido de que nós transformássemos o eixo de funcionamento desta Câmara - não
tenho a pretensão, nem quero, o Sr. Presidente também assim não o quereria que
a nossa palavra fosse aquela que tivesse maior conteúdo de verdade,
absolutamente -, acho que nós devemos considerar todas as Emendas, no mesmo
plano, e discuti-las democrática e soberanamente. Só que eu quero propor, como
disse, em nome da racionalidade e da agilidade, que esta Casa se adapte aos
parlamentos do mundo inteiro, e então, eu creio que esta Emenda, por nós
apresentada, deve, imediatamente, ser levada em conta por todos os 33
Vereadores. Seria a inversão de que hoje ocorre na Casa, ou seja, nós pulverizarmos
as Sessões, atualmente, nas terças e quintas, fazemos Sessões breves, em que os
Vereadores já sabem, de antemão, que não tem matéria para votar, tendo de
permeio oradores que poderão abordar os mais diversos assuntos, e que,
possivelmente, não vai interessar a nenhum Vereador. Então nós pulverizamos
esta Casa com a sistemática atual do Regimento. Então, isso que eu vou dizer
tem anuência inclusive do Presidente, porque nós discutimos longamente esta
matéria, mas eu já tinha feito um estudo, no ano passado, em cima inclusive de
parlamentos no Brasil, e até fora do Brasil, no sentido de que os mesmos, a
partir da Assembléia do Rio Grande, até Brasília, o Congresso Nacional, as
sessões de votação, as sessões de maior peso são feitas no meio da semana.
Então, a nossa Emenda é no sentido de que nós tenhamos
terça, quarta e quinta a concentração de votação e de discussão nesta Casa,
inclusive como Emenda suplementar a esse pensamento, que é o pensamento-eixo,
que é o vetor do que me move para alterar essa sistemática atual da Casa, por
evidência, nós temos que racionalizar o que é o principal e o que é o
acessório. Desde o Direito Romano já se dizia que acessorium sequitur
principale, ou seja, o acessório segue o principal. Então, eu creio que nós
temos que racionalizar como na Assembléia, como na Câmara Federal, como nos
Estados Unidos, como em todos os países do Primeiro Mundo, e mesmo do Segundo e
do Terceiro, mas que têm que racionalizar. Ou seja, as comissões, pela minha
Emenda, passariam a ser segundas e sextas-feiras, e somente comissões, sem
Plenário, também para prestigiar as comissões. Eu lembro que, no ano passado, o
Ver. Antonio Hohlfeldt, como Presidente da Casa, no seu primeiro discurso,
tentou priorizar as comissões, só que não fez o principal: alterar a sua
sistemática. Por quê? Porque nas terças e nas quintas-feiras temos uma Sessão
fria, gelada, de poucos Vereadores, porque os Vereadores sabem que podem
faltar, porque não vai ter discussão importante, então, eles já nem vêm à Casa.
O SR. PRESIDENTE: Para concluir,
Vereador.
O SR. NEREU D'ÁVILA: Pois é, o Regimento
velho ainda está valendo.
O SR. PRESIDENTE: Mas o acordo novo
também. Ver. Nereu, o Ver. João Dib inscreve-se e cede seu tempo a V. Exª.
O SR. NEREU D'ÁVILA: Muito agradecido, mas
eu, em nome da coerência, ia deixar a tribuna nos cinco minutos, mesmo que já
não sejam de direito e, sim, de fato, porque eu também pretendo que seja
racionalizado isso, e nós mesmos temos que colaborar para isso.
Mas, vou continuar e lhe agradeço, mas temos que aprender
também a ser breves e racionais. Creio que sobre aquilo que eu falei, o
Regimento Interno novo, deve deter conteúdos pragmáticos e, principalmente,
assentados em princípios que considero princípios da racionalidade, da
agilidade e da modernidade. Agradeço também aos Vereadores que estão tendo
atrasada a sua discussão pelo meu aumento de tempo. Não era minha intenção, mas
é só pelo sentido de que estou tão convicto que temos que mudar a sistemática
para melhor, fazendo inclusive uma autocrítica, com menos prolixidade, com mais
racionalidade.
Então eu dizia, que é necessário que as Sessões sejam
concentradas terças, quartas e quintas, e que a votação seja em primeiro lugar.
Que o Grande Expediente, que hoje está no meio, ou seja, no início da Sessão,
seja depois da leitura da Bíblia e da leitura da correspondência. Este Grande
Expediente não é racional, ele tem que ir mais para baixo, abaixo da Ordem do
Dia. Terças e quintas, porque o Ver. Antonio não conseguiu aquilo que é o
intento de todos na questão da valorização das Comissões, porque, nas terças e
quintas, os Vereadores já sabem que a Sessão não terá grande importância,
porque não tem matéria a ser votada, e que, além disso, ainda têm oradores que
falarão. Então, ele vem aqui, dá uma voltinha, e vai para seu gabinete, ou nem
vem na Câmara. Aí o que acontece? Ele também não vai à Comissão.
Então, nós devemos priorizar as coisas, no meu entendimento,
me perdoem aqueles que pensam ao contrário: terças, quartas e quintas esta Casa
terá que se concentrar na sua principal função, votação de matéria, discussão
de matéria e os Projetos de Lei, e, depois, Pauta, que é importante para a
sistemática da votação, e, depois sim, o Grande Expediente, Explicação Pessoal.
Então, as Sessões de terças e quartas, seriam as atuais de
segundas e quartas, e a Sessão de quinta seria igual a de sexta atual. Então,
repito, as de terças e quartas seriam idênticas as de segundas e quartas de
hoje, só passando para baixo a Explicação Pessoal, e dando prioridade à discussão
da matéria e Pauta, que é a nossa função principal. As segundas e sextas, que
são liberadas, seriam exclusivas de reunião das Comissões. O Vereador vem na
Casa, e sabendo que não vai para o Plenário, vai para a Comissão. Aí nós
prestigiaremos as Comissões, e estaremos nos adaptando a todos os parlamentos
do mundo, ou seja, concentrar na terça, quarta e quinta, porque aí o Vereador
sabe que ele tem que ficar. Porque nós pulverizamos hoje, não há dúvida. Nós
temos terça e quinta, que não é importante, restando apenas segunda, quarta, e
sexta, de manhã, que nós sempre invadimos até uma hora, uma e meia, às vezes,
porque temos matérias importantes. Então nós temos que colocar isto na terça,
quarta e quinta.
Outra coisa que pretendo, com outra emenda, Srs. Vereadores,
é que devemos fazer um regimento, não para nós, que podemos terminar o mandato
em 3 de outubro, ou no fim do ano. Como legislar para o futuro? A minha emenda
é no sentido - não é porque a Bancada do PDT é majoritária agora, porque na
eleição ela pode não voltar majoritária - quero legislar é para o futuro, me
perdoem os Vereadores, inclusive, dos partidos menores, também tem que ser
privilegiadas as bancadas pela sua expressividade, porque o povo botou aqui
onze Vereadores do PDT, nove do PT, quatro do PDS, foi o povo que quis, achou
que o PDT tinha que ter maioria. Se o povo assim o fez, vamos respeitar, dar
mais tempo às Bancadas maiores. Por exemplo, a discussão, coloquei assim na
emenda: quem tiver mais de dez Vereadores teria seis minutos, quem tiver cinco
ou mais teria cinco minutos para discutir, abaixo de cinco Vereadores teriam
três minutos.
Talvez não tenha sido tão claro, mas voltaremos a esta
discussão, temos cinco dias. Pretendo que nos preocupemos fundamentalmente com
o global de Casa, que haja emendas que se preocupem com o global da Casa e
depois as emendas que vão suprir deficiências do atual Regimento Interno. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.).
O SR. PRESIDENTE: Próximo Vereador é o
Ver. Antonio Hohlfeldt.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. Em primeiro lugar, quero fazer a minha saudação ao Ver. Nereu
D'Ávila, na condição de Liderança do PDT, que dá o tom no que espero seja o
nível da discussão, na Casa, a partir de hoje, em cinco sessões sucessivas, em
relação à discussão do Regimento Interno. Independente de nossas disputas
partidárias, quer no Executivo, quer no Legislativo, quer aqui, inclusive, em
relação à direção da Casa, temos que pensar, em primeiro lugar, aquilo que me
preocupou durante todo aquele ano da Presidência, e que não foi um trabalho
isolado meu, porque eu tinha que ter o respaldo de toda a Casa, e o tive, que
era a respeitabilidade de toda a Casa, da instituição legislativa.
Em segundo lugar, a eficiência da Casa, e V. Exª toca no
assunto e eu o retomo não como defesa, pois acho que a sua abordagem não tem
nenhum tom de crítica ou de ataque, mas se não podemos interferir diretamente
no andamento das Comissões, é até em relação do respeito à autonomia das
Comissões e dos seus Presidentes, até porque tínhamos a tentativa de fazer
votar esse Regimento ainda no ano passado e que não conseguimos por
"n" motivos.
Mas estou de acordo com V. Exª e acho que há, e aí sim é uma
crítica, uma responsabilidade negativa da maioria dos Vereadores que assumem a
Presidência das Comissões, por não cobrarem a presença dos Vereadores nas
Comissões. Acho que houve duas exceções, na Comissão da Saúde e na de Finanças,
ocorridas no ano passado, onde foi extremamente cobrada a presença e a
participação. Acho que tem sido complicado termos o desenvolvimento das
Sessões, costumamos dar muita ênfase a abobrinhas, a questiúnculas partidárias,
da briga entre o Legislativo e o Executivo, para aparecer, para ser notícia, e
temos perdido aqui as grandes questões da Cidade, ou termos reduzido as grandes
questões a questiúnculas. E isso vem contra a instituição. E não é o Regimento
que vai mudar isso, isso está na atuação de cada Vereador. Mas o Regimento
ajuda a Mesa a interferir nesse processo.
E, ao ver do Projeto distribuído à Casa, quero registrar
aqui que me sinto extremamente satisfeito. E acho que isso também é a palavra
do Ver. Leão de Medeiros, do Ver. Airto Ferronato, do Ver. Clovis Ilgenfritz,
do Ver. Wilson Santos, do Ver. Omar Ferri, que são os integrantes da Mesa do
ano passado. A maior parte das Emendas que a Mesa redigiu, com o auxílio de
dois grandes grupos de funcionários da Casa, os companheiros da Assessoria
Técnica Parlamentar, e os companheiros daquele grupo de assessoria que estava
trabalhando com a Comissão, eu acho que 80% ou mais dessas Emendas foram
aceitas pela Comissão de Vereadores, pelo Relator Ver. Lauro Hagemann e pela
Comissão, porque, afinal, ela é integrada de doze Vereadores da Casa, e, em
princípio, salvo destaque que algum Vereador requeira, elas estão aceitas e
numa votação em bloco estão aprovadas.
Não são Emendas partidárias, Ver. Nereu D'Ávila, e eu
queria, desde logo, enfatizar isso, porque teve participação de todos os
setores da Casa, e os funcionários se dedicam a todas as cores partidárias da
Casa. Foram Emendas fundamentalmente propostas a partir das experiências dos
seis Vereadores da Mesa, das experiências de funcionários que têm anos de
trabalho nesta Casa, na Assessoria Legislativa, sobretudo, eu queria destacar
entre outros a Drª Inês, que foi uma das pessoas que mais participou, na
Assessoria Parlamentar, a Drª Neiva, mas também aqueles diretores que estavam
no ano passado respondendo pela Casa, e que tenho certeza não é porque houve
uma eventual troca de Presidente, hoje, Ver. Dilamar Machado, que vai mudar
esta Lei, porque realmente esta é a linha da Casa, não é de um Vereador que
responda pela Presidência, eventualmente. Além dessas Emendas da Mesa, e que os
senhores Vereadores vão verificar, são mais de cinqüenta Emendas que
apresentamos, são às vezes pequenos detalhes, mas detalhes que impedem, no
futuro, se aprovadas aquelas questões de ordem sucessivas que temos enfrentado,
aqui, no Plenário, por vezes, e que dificultam, imensamente, a condução dos
trabalhos; a aprovação dessas Emendas que fizemos, certamente, vão tornar bem
mais eficientes as atividades do Legislativo Municipal.
O Ver. Nereu D'Ávila levanta duas questões interessantes: a
primeira dos dias de sessões. Ver. Nereu D'Ávila, eu em princípio tenho simpatia
pela questão que V. Exª levanta de nós concentrarmos, agora, tenho medo que
neste ano ao propormos isso poderá parecer à opinião pública que estamos
querendo é arreglar as coisas para a nossa campanha eleitoral, que queremos
liberar segunda e sexta para irmos à rua fazermos nossa campanha. Tenho a
máxima simpatia pela proposição, mas tenho medo que isso possa ser lido, lá
fora, um outro lado que não é o lado da sua proposta, tenho certeza disso.
Para concluir, a outra questão é a questão das Bancadas
maiores, eu apenas faria uma sugestão, Ver. Nereu D'Ávila, se couber, não de
dez, mas de onze Vereadores, porque é um terço da Casa; matamos a questão, dez
pode ficar um número aleatório, onze não, onze claro é um terço da Casa, isso é
uma referência clara a uma proporcionalidade, então muda dentro da sua proposta
o trocarmos um número aí. Não porque queremos valorizar mais uma bancada e
outra e os Vereadores sabem que eu defendo o direito das bancadas das
minoritárias de terem espaços plenos dentro desta Casa, porque eu vivi esta
experiência de seis anos, e não vou abrir mão dela em nome daqueles
companheiros que têm pequena bancada, do PV, do PC do B, do PL e por aí afora.
Mas, entendo que tenha que haver uma certa proporcionalidade respeitosa, que
garanta espaço a todos, que, sobretudo, reflita aquele referendo da eleição.
Acho, Ver. Nereu, que tem que ser a proporcionalidade e não a modificação das
bancadas no decorrer do mandato. Então, essa é uma questão que nós temos que
discutir. Parto daquele pressuposto, o PMDB tinha seis Vereadores, hoje tem
dois. Como é que vamos resolver este problema? Porque eu acho que a proposição
tem que começar lá na eleição. Porque aquela é a eleição do povo. A outra, são
manobras de interesse muito mais do Vereador do que ao partido e muito menos à
cidade. É uma questão que temos que aprofundar, na sua discussão. A idéia, em
princípio, é boa. Nós voltaremos nas outras sessões para discutir alguns
conteúdos, como é a Comissão Processante, e que foi uma experiência muito negativa
dois anos atrás. O Ver. Leão de Medeiros e eu nos preocupamos, assim como o
Ver. Airto Ferronato e outros companheiros de Mesa. O Ver. Lauro Hagemann tinha
uma proposta bem amarrada para ser incluída no Regimento Interno, para
impedirmos outras frustrações no futuro, se tivermos situações semelhantes.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Leão de Medeiros): Próximo orador é o Ver.
Airto Ferronato.
O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Inscrevi-me neste tempo e gostaria de registrar a minha simpatia
pela proposição apresentada pelo Ver. Nereu D'Ávila, quando se refere ao número
de reuniões aqui na Câmara Municipal. Acredito que devemos pensar neste tema,
até para tornar as discussões mais objetivas, e mais eficientes. Com relação ao
período de minutos que cada Vereador teria em relação à quantidade de votos que
o Partido fez, eu, no primeiro momento, me coloco contra esta proposição, até
entendo que, na verdade, pelas características de Porto Alegre, sabemos que
temos partidos pequenos e que, por tradição, se manterão pequenos por um
determinado período de tempo. Um partido com onze Vereadores falaria cem
minutos, um partido com um, falaria apenas cinco minutos. Eu acho que daria
para nós trocarmos algumas idéias sobre o assunto.
Gostaria de registrar uma colocação, especificamente com
relação ao Ver. Lauro Hagemann, sobre uma Emenda que apresentei e que vem
exatamente nos termos que V. Exª colocou. Há três anos e alguns meses que
estamos na Casa, salvo honrosas exceções, temos acompanhado líderes pedir, pelo
Regimento Interno, uma Comunicação de Liderança, e que nos termos do Regimento
Interno, deverá ser urgente e relevante. Mas em cerca de 95% dos casos aqui
apresentados, não se falou em nada urgente e muito menos relevante. E a minha
constatação é a seguinte, em relação aos líderes que aqui estão. O que é que
tem ocorrido, tradicionalmente? As lideranças, na sua esmagadora maioria
comparecem no Plenário, usam o tempo de liderança e depois desaparecem por aí. Isso
nós temos que acabar de uma vez por todas. Eu já apresentei uma proposta que
não vou reapresentar e que já é de conhecimento público, extinguir as
lideranças. Não foi aceito, eu respeito. Agora quanto a esta de definir o
período em que a liderança possa se manifestar, eu acho positiva e respeitosa
para os Vereadores da nossa Casa. Definir-se um momento da reunião onde haverá
espaços específicos para as lideranças. Apresentei a proposição que diz que,
após o período da Explicação Pessoal os líderes falariam. Definimos outro
momento, Vereador. Pode ser no início, no meio ou fim, a idéia é essa. O Ver.
Lauro Hagemann, no seu parecer diz: "pela rejeição, a Emenda 73 disciplina
melhor a matéria". A Emenda 73, diz o seguinte: "O líder, a qualquer
momento da Sessão, exceto na Ordem do Dia, poderá usar da palavra para
comunicação urgente e de excepcional importância, submetendo o assunto
preliminarmente à consideração do Presidente dos Trabalhos". Eu tive o
prazer de presidir os trabalhos e ainda tenho e é impossível que o Presidente
saiba de início, ouça de início o que a liderança queira dizer.
Então, eu mantenho esta proposta e até entendo que as
lideranças dos Partidos possam pensar em outra forma de se fazer com que se
tenha um momento mais definido do espaço utilizado pela liderança para que os
Vereadores saibam o momento a ser apresentado. Para nós é muito complicado
perdermos aqui uma hora, e V. Exª falou muito bem, discutindo-se não se sabe o
que, porque um líder fala, outro fala, outro fala. Temos honrosas exceções e V.
Exª que está aqui está sempre presente, assim como o Ver. Dib e o Ver. Lauro
Hagemann, são exceções, quero deixar muito claro. Agora, que isto tem
prejudicado o andamento dos trabalhos isso tem. Por outro lado temos uma
observação a fazer que é a seguinte, no Regimento Interno, nós temos isso e
confesso que não li com todos os detalhes, mas temos que no Período de
Comunicações somente o líder pode apresentar emenda. Acredito que o autor da
proposição deva ter um espaço nesse momento, porque muitas - a experiência tem
mostrado isso - recebemos, quando da discussão, belas propostas, sugestões etc
e, na maioria dos casos, ficamos impedidos de apresentá-las. Então, que, além
da liderança, se dê prioridade ao autor da proposição.
Outras colocações farei em outro momento. Muito obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Lauro Hagemann.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, é oportuna a discussão sobre o Regimento da Casa. Já estamos
atrasados porque a Lei Orgânica já vai para dois anos de sua promulgação e
estamos, ainda, pendurados no Regimento Interno.
Quero dizer com toda clareza, honestidade e transparência
que, quando se elaborou a Lei Orgânica, já se previa a necessidade da
elaboração de um Regimento Interno novo, porque o que estamos mudando é de
1947, com duas modificações. Portanto, obsoleto.
Devo dizer, também, que Regimento Interno que resultar da
nossa discussão é um regimento da Casa, não há paternidade para este regimento,
nem pode haver, porque ele vai regular a atividade de trinta e três Vereadores,
representantes de oito partidos. Nos próximos anos possivelmente haverá outros
tantos e diferentes. Então é uma peça permanente para esta Casa. Apenas quero
referir que me preocupa neste início um ponto de partida. Daí por que pedi a
minha assessoria que organizasse um anteprojeto de Regimento Interno que
servisse de início de discussão para o nosso trabalho. Dentro desta visão, a
matéria que usamos difere da do atual R.I. Mas também pedi que os meus companheiros
não tivessem tanta ousadia de modificar excessivamente o Regimento atual,
porque isso implicaria uma mudança de rumo muito abrupta. E é nesse sentido que
estamos colocando para a Casa este anteprojeto.
O Ver. João Dib estranhou que eu, como Relator, tivesse
apresentado aquele número grande de emendas. Eu gostaria de explicar em rápidas
palavras como e por que isso ocorreu. Nessas duas etapas anteriores da
discussão o processo se deu muito atabalhoadamente, porque a Casa estava
vivendo um período de conturbação com outros Processos internos que demandavam
pressa. Então, nessas duas etapas anteriores da discussão prévia do Regimento,
foram cometidos equívocos, mas que não puderam ser consertados nesta segunda
etapa, daí a razão da necessidade das emendas, e eu quero dizer aos
companheiros Vereadores que porventura não tiveram as suas Emendas contempladas
na primeira triagem, que podem reapresentá-las agora com toda a tranqüilidade.
E a relatoria não é composta apenas de um Vereador, são mais dois.
Então, é um conjunto de três Vereadores que vai dar o
parecer final sobre essas Emendas que serão apresentadas agora, e eu quero
deixar a Casa à vontade para expressar tudo o que tiver vontade, inclusive as
alterações que são propostas pelas emendas que já foram oferecidas ao Plenário,
pelo Ver. Nereu D'Ávila e outros Vereadores que certamente oferecerão emendas a
este Projeto. Vamos examinar com todo o carinho e vamos discutir conjuntamente
aqui qual é a melhor solução para a Casa se orientar, eu quero dizer que o
Regimento Interno é muito importante, porque ele regula a atividade de trinta e
três Vereadores, representantes de diversos partidos, isso precisa ser
entendido, quanto à questão do Regimento Interno orientar a vida da Casa é um
pouco problemático, nós não vamos modificar essa orientação de uma hora para
outra pelo Regimento Interno, a Casa é que vai ter que se condicionar a esse
Regimento, nós não vamos poder, por uma regra regimental, obrigar o Vereador a
falar isso ou aquilo ou quanto tempo, ou não falar.
A questão da presença em Plenário na Presidência da Câmara,
nós estamos colocando um artigo aí que multa em 1/30 da remuneração mensal do
Vereador a cada falta que houver não-comprovada, e que nas Comissões a falta ao
Plenário é compensada, ou justificada pela presença na Comissão, não
justificada. Mas isso aí é uma questão das Comissões. Na Comissão de Finanças,
por exemplo, do ano passado para cá, os companheiros que compõem a Comissão são
testemunhas disso. Que várias vezes recebem o desconto pelo não-comparecimento.
Toda vez que não comparecerem e que não for justificado, se desconta 1/30 avos,
ou o que corresponderia a um jeton
diário. Agora, isso aí é um procedimento a ser adotado rigorosamente e
uniformemente pelas diversas Comissões Permanentes que compõem a Casa. Mas há
uma imensa discussão à vista ainda. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Luiz Machado.
O SR. LUIZ MACHADO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Eu, até mesmo por não ser um homem de tribuna, sou um observador do
Plenário e, por isso mesmo, espero contribuir com esse novo Regimento Interno.
Quando a discussão do Regimento Interno, apresentei algumas Emendas, que hoje
não constam do bojo do Processo que está em nossas mãos.
Mas eu pediria a atenção dos Srs. Vereadores por não ter
total conhecimento do Regimento ainda e acredito que nem todos os Vereadores
conseguem lembrar de cabeça todos os artigos e parágrafos. Este Vereador se
preocupa com uma das coisas importantes que hoje está sendo cuidada no
Parlamento, que é o quórum para abertura das Sessões. Vou dar um exemplo: numa
segunda-feira estão presentes oito, dez Vereadores; os demais não comparecem; a
Sessão não pode ter abertos os seus trabalhos. O que acontece, então? Não há quórum,
vão todos para Casa e, aí, os dez Vereadores que aqui estiveram também são
colocados, com os outros vinte e três, como gazeteiros, porque não abriram a
Sessão, porque não vieram trabalhar. Eu tenho para mim que pelo menos tinha que
constar em Ata que naquele dia não houve Sessão, mas que estiveram presentes os
Vereadores tais e tais, e que a opinião pública viesse a saber disso. Porque
quando somos atacados lá fora porque não há Sessão, a opinião pública julga
todos igualmente. Se eu faltei e V. Exª compareceu, a opinião pública coloca
todos no mesmo bolo. Se não teve sessão somos todos gazeteiros. Me preocupo com
isto. A Ata não é pública, circula só no nosso meio. E para aqueles que são
assíduos freqüentadores de Plenário têm que levar nos ombros alguns
companheiros que não freqüentam o Plenário ou que não estão presentes no
horário de abertura da sessão.
Acho que isso é algo que os companheiros, todos os
Vereadores desta Casa devem examinar, ver com profundidade como melhorar esta
situação.
Outra situação que me chama a atenção é a Tribuna Popular,
onde o cidadão vem com a sua entidade e fala. Se as bancadas falarem em
liderança, depois a bancada não pode mais usar o tempo de Liderança. Acho que
tem que ser excepcional. Por exemplo, se alguém usa a liderança em nome da
bancada para responder à Tribuna Popular, não deveria perder o tempo de
Liderança para a sessão. Caso contrário os temas polêmicos que os membros de
entidade levantam na Tribuna Popular, se os Vereadores tiverem outros
interesses maiores no Plenário ou nos debates durante aquele dia, não vão
querer consumir o tempo de Liderança para responder à Tribuna Popular. E a
Tribuna Popular fica pouco ouvida, falam aqui e vão embora muitas vezes.
Deveriam ficar todos na Mesa. E às lideranças fica facultado o direito de
falar. Eu mesmo já quis falar para responder e um companheiro me ponderou que
teríamos um assunto mais importante para falar e que não poderíamos consumir o
tempo para responder à Tribuna Popular. Isto é para uma análise, para que possamos
incluir no Regimento Interno, poder usar duas vezes o tempo de liderança nestes
casos. É importante para valorizar o trabalho das lideranças comunitárias na
Cidade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Airto Ferronato): Está com a palavra o
Ver. Aranha Filho, que cede seu tempo ao Ver. João Dib.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, no ano de 1986, este País viveu uma expectativa extraordinária:
todos os seus problemas seriam resolvidos porque nós teríamos uma nova
Constituição. Reiteradas vezes, em programa de rádio, eu dizia que o povo
brasileiro seria frustrado nas suas esperanças vãs, porque Constituição, porque
Lei, porque Regimento Interno, Lei Ordinária, Lei Complementar, não dão
vergonha na cara, e que a Constituição Brasileira deixaria tanta gente
frustrada e triste, e talvez até a corrupção que aí anda talvez tenha começado
naquela Constituição, diferente da Constituição outorgada, feita pelos
militares, tão amaldiçoada, mas que funcionava tão bem! Mas quando os Deputados
venderam os seus votos por rádio, por televisão, por favores, nós não podíamos
esperar que a vergonha estivesse presente na Constituição e um artigo só
poderia compô-la e nós não teríamos nenhum problema.
Nós vamos fazer um novo Regimento Interno. O Ver. Lauro
Hagemann estranhou que eu tivesse levantado uma Questão de Ordem, dizendo que o
Relator não devia relatar as suas próprias Emendas, e ele me esclareceu que tem
três Relatores. O Ver. Lauro Hagemann sabe do profundo respeito que eu tenho
por ele e pela sua seriedade, pela sua absoluta lealdade ao Governo que aí está
instalado, porque ele é leal àquilo que ele acredita. E é por isso que eu
fiquei preocupado que ele fizesse o relato das coisas que ele faz com
convicção, que ele não pode achar de forma nenhuma ruim, porque ele estudou. E,
de repente, aconteceu aqui, em novembro do ano passado, quando estudávamos o
Orçamento, várias Emendas para tirarmos os recursos publicitários da atual
administração, Ver. Clóvis Brum querendo tirar de 950, 949 milhões; Vereador
não sei qual querendo tirar 899 milhões; Ver. João Dib querendo tirar 800
milhões; Ver. Lauro Hagemann querendo tirar 200 milhões. Claro todas as Emendas
foram aprovadas, mas a primeira Emenda era 200 milhões, retirados os 200 milhões
não podíamos retirar mais nada, porque nenhum dos outros valores era menor do
que aquilo que sobrava, 750 milhões.
Então, para que estas coisas não ocorram, e eu sei da
absoluta isenção do Ver. Lauro Hagemann, quando fez o que fez, porque a sua formação
obriga até a pegar o Projeto e começar a estudar no primeiro dia e os outros
não fizeram, fizemos talvez todos nós mais alarde, mais publicidade, mais
promoção, e ele fez mais solução. Então, a dele, realmente, está em primeiro
lugar, votada em primeiro lugar, derrubou todas as outras com naturalidade, mas
poderia ter sido rejeitada, sem dúvida nenhuma.
Então, é por isso que eu espero que o Regimento Interno que
estamos fazendo não contenha mais a Bancada de um só, que o Partido de um só
membro, de um só representante, de dois, três representantes tenha o seu Líder
partidário, e que esta liderança partidária lhe dê razões de fazer a
intervenção, uma comunicação de liderança, mas não mais do que isso, temos
tantos partidos na Câmara que é difícil, extremamente, difícil fazer funcionar
uma Comissão Especial, uma Comissão de Inquérito ou o que o valha, uma Comissão
Externa, porque nós colocamos doze Vereadores; eu não tenho razão nenhuma para
não escolher três Vereadores do PT para me fazer um relato, e nós outros trinta
Vereadores vamos analisar o relato, o estudo feito por aqueles três. É muito
mais fácil reunir três. Então, temos representantes de todos os Partidos, e por
uma questão de relatividade, o PDT que tem a maior Bancada tem três, o PT tem
dois e os demais tem um, e nós dificilmente vamos resolver. Estou colocando
Emendas no sentido de diminuir sem tirar o prestígio dos partidos que terão as
suas lideranças partidárias. Obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Adroaldo Corrêa.
O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, até o momento decidi apresentar uma emenda apenas ao Regimento
Interno, ao artigo treze, composição da Mesa, tema polêmico, tema apaixonante,
tema agregador e desagregador deste parlamento conforme o ponto de visita que
se encare. E diz mais ou menos assim: A Mesa, como está, para mandato de dois
anos, obedecia proporcionalidade existente entre as Bancadas. Para debate,
estamos propondo para o debate a proporcionalidade da composição da Mesa.
Obedecerá a proporcionalidade obtida pelos partidos na eleição, ou os
movimentos constituídos pelos parlamentares eleitos durante o seu mandato
naquela legislatura.
Nós do Partido dos Trabalhadores usamos a proporcionalidade direita obtida nas convenções entre cada uma das forças políticas que disputam o Projeto, e estes vão, proporcionalmente, conforme os votos que conquistaram, à Direção Executiva e ao Diretório Estadual, outros partidos também fazem isto, a Câmara Federal também faz isto. O que eu queria ressalvar, é que se isto fosse aprovado, é um direito do Partido majoritário, nomear determinadas posições porque é maioria. Agora não é uma obrigação. Os Partidos majoritários podem abrir mão, no meu entendimento. Pode ser lido de outra forma, de que de direito não se abdica, por exemplo. E o Partido está obrigado. Só os maiores comporão a Mesa. Não. Os menores poderão ser convocados à composição da Mesa, porque defende-se o espírito do pluripartidarismo que soma ao da proporcionalidade, mas pelo menos a proporcionalidade está garantida. O pluripartidarismo é da política, é do acordo, é da arregimentação para o mesmo campo de idéias.
Com isso, não pretendo resolver qualquer problema político que não esteja colocado nesta Casa para o futuro, tudo já se fez, e se farão coisas diferentes. Mas, de alguma forma, nós estamos, nesse meu entendimento, próprio, pessoal, nós estamos avançando uma questão, que é a responsabilidade coletiva das Bancadas de dirigir a Casa que freqüentam e onde trabalham. Não se fará repetir, creio, o episódio do PDT ter ficado fora da Mesa por um ano, ou da proporcionalidade se alçar além da obtida. A não ser que haja concordância das demais Bancadas. Isso é da política. Acreditamos que é uma contribuição para o debate, necessária, não em função da composição atual da Mesa, mas de qualquer composição da Mesa que se verificar desta data para trás. Porque todas elas foram traumáticas para uns, agregadoras para outros.
Este que é um episódio periódico da Câmara de Vereadores, se renova a cada período, ou por um ano, ou por dois anos, ou até por quatro anos, mas periódico. Não precisa ser desta forma, que suscite, inclusive, questões fora da política, e que são chamadas ao campo da política, para uma decisão eminentemente política: honra, ética, moral, que obedecem a um código que não tem a ver com política, mas com postura pessoal, individual, do ser humano, diante de sua vida. E se for para ser técnico, matemático, eu diria que honrei a minha assinatura porque votei no acordo que foi assinado. Outros, para serem técnicos e matemáticos, não honraram porque não votaram no acordo que assinaram. Trocaram de partido, inclusive. O Partido que venceu. Mas eu não estou fazendo esta discussão. Nem me refiro a todos que trocaram de partido e nem a todos que ainda vão trocar de partido. Sugerirei que por acaso quem assinou e não cumpriu está hoje no partido que venceu. O Ver. Zanella, por exemplo. Mas eu não quero colocar esta discussão, quero colocar se realmente a proporcionalidade obtida respeitar-se-á pela Câmara de Vereadores a sua constituição, também no seu órgão de direção. Acho que é uma discussão boa, proveitosa. No mínimo, a proporcionalidade. Já que eu não posso garantir de antemão nada, do que diga respeito à política, porque ela se dá conforme caminha a humanidade. No mínimo, a proporcionalidade, senão, a pluralidade não estará garantida.
Por enquanto, é esta a Emenda que temos ao artigo 13. Avançaremos e talvez tenhamos outras emendas. Muito obrigado.
(Revisto
pelo orador.)
O SR. OMAR FERRI (Questão de Ordem):
Eu estou dando uma lida, mais ou menos rápida, neste projeto do Regimento
Interno e consulto a V. Exª se nesses quatro dias em que o Projeto de Resolução
permanecer em Pauta, os Vereadores, sucessivamente, poderão se inscrever para
discutir a matéria.
O SR. PRESIDENTE: Sim. A resposta é
positiva.
A Mesa apregoa o recebimento de três Emendas: uma de autoria
do Ver. Adroaldo Corrêa; Emenda do Ver. Gert Schinke e Emenda do Ver. José
Valdir.
(Procede à leitura das Emendas.)
O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores,
encerramos a discussão da primeira Sessão do Projeto de Resolução nº 037/91 -
Proc. nº 2351/91.
O SR. DÉCIO SCHAUREN (Questão de Ordem):
Solicito verificação de "quorum".
O SR. PRESIDENTE: Há oito Srs. Vereadores,
não há "quorum" para o prosseguimento dos trabalhos.
(Levanta-se
a Sessão às 16h53min.)
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